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SEÇÃO
Crônicas
23/05/2007 - 15h04
O papa e a mulher bonita
Ruth Barros
 

Todo mundo meteu a colher, torta ou direita, na visita do Papa. Como Anabel foi a única entre os brasileiros viventes que ainda não se pronunciou, chegou a minha vez, ainda mais agora que ele foi embora e dificilmente vai ler essas mal traçadas linhas lá do Vaticano. Pois cheguei à conclusão que o Papa faz o mesmo efeito que mulher bonita e burra. Antes que a Santa Madre queira excomungar a pobre escriba, assim como foram ameaçados os políticos mexicanos que ousaram levantar a questão do aborto, vou explicar pelo bem da salvação de minha alma. Ou melhor, minh´alma, para combinar com o português do Papa - quem traduziu os textos dele esqueceu de que no Brasil não se usa vosso ou vossa.

Mulher bonita quando chega em um lugar causa, fecha. Todo mundo se vira para ver, neguinho cresce o olho, enfim, não dá pra fingir que não está acontecendo nada. Algumas conseguem segurar bem um papinho legal, e olha que não estou lá querendo grande sapiência, longe de mim, beleza para mim já põe mesa e mesa farta. Mas, a não ser quando a galera já está suficientemente alcoolizada para não entender mais nada, a maioria costuma ser um desastre na hora de abrir a boca. É um festival de bobagens sem fim que, para vingança das feiosas, vem num tom de voz esganiçado, infantil, que normalmente dá vontade de sair correndo.

Quando o Papa aparece também é o maior frisson. Bonitinho, todo de branco, com aquele sapatinho vermelho Prada, chiquerésimo, a galera toda rezando, boa energia, velhinhas emocionadas, juventude devota que não pode ficar, esse tipo de coisa. Dentro daquele aquário que arrumaram para ele lá no mosteiro de São Bento, distribuindo bênçãos, ele era mesmo uma gracinha, como diria a tia Hebe. Mas quando abre a boca, que decepção. De repente a palavra que deveria ser de Deus na Terra nos transporta para um mundo que parece que saiu de circulação. Ou dá para imaginar que em um país que dobrou sua população nos últimos 30 anos porque a Igreja era contra o controle de natalidade com auxílio luxuoso da direita, que queria povoar o país e da esquerda, que precisava de militantes para levar adiante a nobre causa, ainda dê para ser contra aborto, camisinha e outros itens essenciais da cesta básica de qualquer ser humano digno desse nome?

Anabel Serranegra acha que o trânsito de São Paulo melhorou como que por milagre depois da ausência de Bento 16


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.

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