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26/05/2007 - 08h39
Os parologismos e a febre da TV digital
Stivy Malty Soares
 

Há um sem número de raciocínios falsos involuntários (paralogismos) na nova febre que acomete as mesas de discussões sobre a TV digital. A assinatura de um decreto e as intenções de estudos e investimentos, por parte do governo e da iniciativa privada, não serão suficientes para termos em prática e no prazo esperado a tão debatida rede de TV Digital no Brasil.

Quem acompanhou o NAB 2007, em Las Vegas, como quem respira o ambiente das emissoras, sabe que ainda há um caminho demasiado extenso por ser percorrido até que a tecnologia decole. O próprio governo americano estendeu o prazo para extinção da difusão analógica por mais 15 anos, lá. No Brasil o prazo "final" é 2016. Isso quer dizer, antes do Estados Unidos. Impossível, irreal.

Apesar das dificuldades que ainda virão, logicamente, qualquer avanço é sempre muito bem-vindo, e visto. Principalmente quando promove inclusão social e, neste caso, digital em seu amplo sentido. Um rol importante de interesses e tendências que permeiam o tema, todavia, não tem recebido a devida atenção que, neste ato, está focada em questões muito específicas e restritas à tecnologia.

São benefícios claros e diretos, oriundos da tecnologia apresentada pela TV digital. Independentemente de ser japonesa, americana ou européia, a significativa melhora na qualidade da imagem, que perderá todo o ruído - no sistema digital, ou a imagem é perfeita ou não existe - e na qualidade do áudio, além de certa interatividade, alvo, nesta exposição pouco técnica, porém, realista do ponto de vista comercial, das principais demandas. Dados expostos e idéias compartilhadas no quesito qualidade, acredito, vamos ao tema espinhoso.
Estima-se um gasto da ordem de alguns bilhões de dólares para os próximos anos - ninguém ainda arriscou com precisão. Destes, a maior parcela ficará por conta do consumidor, apenas na aquisição dos receptores e unidades decodificadoras dos sinais digitais ou de aparelhos televisores preparados, e de transmissores para comunicação bidirecional. Outra, com as emissoras, para a renovação dos seus estúdios, dos transmissores e para a aquisição de sincronizadores (clocking), que resolverá o problema de concorrência de sinal onde mais de uma antena atuar. Só isso já consumiria todo o recurso disponibilizado pelo BNDES, e muito mais.

O SBT acabou de conseguir o primeiro financiamento com o BNDES para o início do processo de digitalização, no valor de R$ 9,2 milhões, que deverá, apenas, preparar o caminho para começar a gastar.

E, por falar em BNDES, o Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Protvd) assegura uma política de financiamento à implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre, com um montante de R$ 1 bilhão. Dividido em grupos com atividades de pesquisa e desenvolvimento, modernização da infra-estrutura, produção de seus insumos (software, equipamentos e componentes) e novos conteúdos digitais.

Porém, esse financiamento deverá gerar recursos aos empreendimentos para que justifiquem seu retorno aos cofres públicos, e justamente aí é que está o problema. Mais qualidade da imagem e de áudio não aumenta a receita das emissoras. Talvez um pequeno incremento na abrangência do seu sinal, questionável, dadas as características dos sinais digitais.

Se pautarmos os argumentos na qualidade, encontraremos pesquisas que mostram que cerca de 5,2 milhões de brasileiros ainda têm apenas televisores em preto e branco. Que custam até R$ 100,00, preço inicial estimado para o Set-Top Box (STB) para a recepção do sinal digital. Imaginem a festa dessas pessoas ao receber sinal de imagem com alta definição (HDTV) e som em Dolby Surround nas suas caixinhas de 10 polegadas em P&B.

Ainda poderíamos explorar detalhes comparativos entre o número de domicílios com TVs em cores de pequeno porte, frente às TVs de alta definição (HDTV), de plasma e LCD, estes sim os principais beneficiados com um sinal de melhor qualidade. Apenas os consumidores das classes A e B terão benefício direto desse ponto de vista, e na interatividade. São os que já têm acesso à Internet, em sua maioria, de alta velocidade.

Se o novo consumidor, público-alvo da TV Digital, passa mais tempo na Internet do que em frente à TV, e considerando-se a premissa indiscutível da superinteratividade proporcionada pelo ambiente web, que sentido faria tirar dinheiro daqui para aplicar em algo com apelo talvez social. Mas que, ao que tudo indica, terá baixa aderência a quem deveria interessar?

Chegamos ao pivô da discussão, a web como plataforma para as TVs.

A web proporcionará às emissoras algo inimaginável de se conseguir com a TV Digital: a interatividade plena e bidirecional, por conceito, com o consumidor.

Obviamente, isso não significa a extinção da TV, muito menos uma migração em massa. Porém, quando se pensar em interatividade e participação, não se pensará nela, mas na web. Isso não significa que o Joost, o novo EyeVio, da Sony, o YouTube ou mesmo os sistemas de redes privadas, como o Globo Mídia Center e o PipeLine da CNN, serão a revolução, pois falta a todos atender aos interesses das emissoras, ao invés de apenas do público.

Nesse sentido, já nos corredores das grandes emissoras de TV e das novas WebTVs, circulam comentários sobre o HYPEst, um projeto brasileiro que deverá mudar, de forma irreversível, o conceito de medição de audiência, hoje duvidosamente estimada, a aplicação de campanhas de marketing finamente direcionadas e assertivas - dada a precisão e qualidade de informações sobre o perfil do espectador -, além da forma como o público assiste e interage com a TV.

Por que uma emissora, com claros fins lucrativos, investiria bilhões em equipamentos para o sistema de TV Digital, se o seu maior consumidor, fonte de maior parte da receita, estará na Internet, ambiente no qual se conseguem resultados muito mais positivos, com cerca de um décimo do investimento previsto para o meio discutido nesse artigo?

Outro ponto positivo da TV digital é a possibilidade de assistir a programas em horários alternativos, porém ainda sincronizados com a transmissão das emissoras, o que é facilmente coberto pela Web. Que traz, como conceito básico, a flexibilidade da audiência em qualquer tempo, sobre qualquer plataforma e em qualquer lugar.

Em qualquer lugar?

Exatamente. Por meio da web, qualquer pessoa pode assistir a qualquer programa de qualquer emissora, a partir de qualquer lugar no mundo, quando bem entender. E onde fica a TV Digital? Sumiu novamente?

Para encurtarmos a reflexão, que poderia gerar muitos parágrafos mais, deixando uma boa margem para discussões e críticas, deixo um pensamento sob forma de questionamento.

A digitalização do sistema de televisão é um caminho sem volta e muito bem-vindo e almejado, pois nos coloca em uma nova etapa repleta de possibilidades, ainda não discutidas. Porém, erra-se ao afirmar que a TV Digital seja revolucionária, sob vários aspectos, daí as falácias sugeridas pelo título deste artigo. Então, pontos positivos e negativos considerados, qual o futuro dessa tecnologia frente ao poder da web como nova plataforma para as emissoras?


Nota do Editor: Stivy Malty Soares é gerente de hosting da Telium Networks.

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