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Crônicas
27/05/2007 - 08h01
O preço de cada gol
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

O Brasil inteiro celebrou o gol 1000 de Romário. Esta é a magia do futebol: um esporte que originariamente nem era brasileiro galvanizou o país, servindo como antídoto para a melancolia que nos acompanha desde o século 16. Futebol, porém, não é só diversão; é negócio, e negócio complicado, que custa muita grana. A soma das dívidas de 10 dos maiores clubes brasileiros passa de R$ 1 bilhão. As razões são várias, mas os inflacionados salários pagos aos jogadores (e aí existe uma pressão do mercado mundial, globalizado) representam uma das principais.

Não só os jogadores de futebol ganham muito. Um estudo feito nos Estados Unidos mostra que, em menos de 20 anos, o salário médio dos jogadores americanos de beisebol cresceu 3.700% e é hoje 50 vezes maior que a renda per capita daquele rico país, configurando um verdadeiro grupo de novos milionários.

Pergunta: será que esses régios pagamentos influenciam positivamente o desempenho dos jogadores? Será que, quanto mais bem pago, melhor será o jogador?

Se isso fosse verdade, e essa é a premissa da qual partiram os autores do estudo, quanto mais bem pagos fossem os melhores jogadores, melhor seria o desempenho do time. Pois bem, o resultado foi exatamente o contrário. Os times que pagavam mais para seus astros foram os que se saíram pior nos campeonatos. Mais: exatamente porque não se saíam bem, esses times foram perdendo a confiança das torcidas, o que diminuiu a sua renda nos estádios. O legítimo tiro pela culatra.

Pagar altos salários para alguns e não para outros obviamente gera efeitos perniciosos. Será que esse cara vale tantos milhões mais do que eu?, devem se perguntar muitos jogadores. Isso, numa situação em que a cooperação é extremamente necessária - futebol e beisebol são esportes nos quais o conjunto é fator decisivo -, é um fator de autodestruição.

Mas há um outro e importante aspecto a considerar. Jogadores de futebol em geral provêm das camadas mais pobres da população. Os altos salários geram, para milhões de jovens, a idéia de que futebol é um meio, o único meio talvez, de ascensão social. Estudo, emprego? Bobagem, se o cara pode ganhar num mês o que um trabalhador comum ganharia na vida inteira. O raciocínio, aliás, que está atrás da loteria, do jogo em geral, da especulação financeira.

O estudo norte-americano faz pensar. Esporte é uma coisa ótima e o futebol seguramente reforça a auto-estima brasileira (além de proporcionar a oportunidade de comemorar milésimos gols). Exatamente por isso não deve se transformar num fator destrutivo na sociedade.

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