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Crônicas
01/06/2007 - 06h35
Telefone celular [situações]
Gil Horta
 

Hoje eu desligo meu telefone celular, ou melhor, é agora... É agoooora. Pronto, tá desligado! Acabou, não vou ouvir mais aquela musiquinha chatinha que virou ringtone e que deixo tocar por que está na moda ou só para chatear quem está do meu lado, tipo hino de futebol.

Maquininha danada, toca a qualquer hora ou deixa a gente em constante estado de alerta do tipo: vai tocar, não tocou, tocou, tô no banho e o celular tá lá no quarto ou... Em cima da geladeira. Pô, quem colocou a p... do celular em cima da geladeira, vai estragar e eu só quero ver quem vai pagar.

Oooo mãe / mulher / filha / filho / irmão / irmã [aos berros] traz meu celular aí, depressa. Alô... [Do outro lado da linha] Alô é o sr fulano de tal? Sim sou eu, pois não? Aqui é do Cartão X / Financeira Y / Operadora Z e vamos estar [com aquela voz característica de telemarketing onde os “R” ficam bem acentuados e os gerúndios avassaladores] enviando nossas propostas e esperamos estar providenciando em curto espaço de... [silêncio total]. Bendita seja a operadora, o sinal cortou e eu com o cabelo cheio de xampu. Tudo bem. Eu deixo o danadinho em cima da banqueta enquanto termino meu banho...

Entrei no ônibus / metrô / Van com uma bolsa desse tamanho [bem grande] e começo ouvindo o toque baixinho [programei a maquininha pra começar tocando baixinho e ir aumentando]. Cadê o telefone, puxa coloquei [joguei] dentro dessa bolsa e cadê [nisso o celular já está aos berros – será que celular berra? – acho que sim e...] por falar em achar, cadê? Ah! Tá aqui... Alô! Sr fulano de tal? Aqui é da operadora X / Financeira Y / Cartão Z e estamos retornando a ligação e vamos estar... Ótimo cortou de novo [é que em telefone celular não cai à linha, ela é cortada, ou o sinal desaparece, enfim novos significados para a interrupção da fala ou escuta]. Porém, eu estava no ônibus / metrô / Van e tá todo mundo olhando pra mim.

Fui ao cinema e no melhor do filme... Adivinhem? Não era o meu, mas de um vizinho (a) de poltrona, o cinema lotado e o celular do (a) figura era daqueles tipo lanterna de polícia, quando acende a tela ilumina um quarteirão inteiro, pois é me tirou a concentração e justamente na hora em que a mocinha ia descobrir que o homem mau era... Acendeu a tela do celular, minha visão desviou e pronto. Quem era o homem mau e o pior o filme saiu de cartaz e eu... Saio do cinema.

Estava no teatro esperando começar a peça quando surge aquela voz. Senhores espectadores, dentro de instantes estaremos iniciando a peça XYZ sob o patrocínio da Financeira Y / Operadora W / Cartão X e esperamos poder contar com a sua colaboração [essa voz me fez lembrar a do telemarketing] coloquem seus celulares no silencioso ou desliguem os aparelhos. Desliguem, também os seus Pager [bips – isso ainda existe?] e bom espetáculo... Lembrando que essa peça tem o patrocínio de... Bem, vocês sabem de quem é o patrocínio.

Agora uma pergunta: quem desliga o celular? Quem consegue passar uma peça inteira, um filme inteiro, ou melhor, uma curta viagem de ônibus sem dar uma olhadinha para o celular de estimação?

Ah! Que bunitinho, que celular gracinha é a cara do papai (mamãe).

Nos cartazes de cinema, teatro, seja lá onde quer que se reúnam pessoas para algo coletivo, deveria estar lá: para assistir essa peça, filme, apresentação, deixe seu aparelho celular de estimação em casa.

Outro dia, durante um congresso de comunicação, tinha acabado de apresentar um trabalho sobre... celulares e ao me sentar a colega do lado me confidenciou... Eu durmo com meu celular debaixo do travesseiro e eu disse: Ahá! Trocou o ursinho de pelúcia por um novo amiguinho? E ela, meio sem graça disse: é foi. Mas me advertiu que deixava o aparelho desligado, pois tinha medo de ter algo na cabeça advindo das radiações. Era só para despertar.

Imagina, aquilo tocando debaixo do seu ouvido para despertar. Confesso que até hoje me assusto com o toque do celular para despertar-me. O despertador perdeu o emprego.

Enfim, no início dessa narrativa, consegui desligar meu aparelho, mas tá me dando uma saudade de ver a tela, abrir o flip, manusear meu neném, ouvir a musiquinha chatinha e... Opa! Tá tocando... Alô...! Alô é o sr Fulano de tal? Aqui é do Cartão X / Financeira Y / Operadora Z e...


Nota do Editor: Gil Horta é jornalista / radialista e estudante de Novas Tecnologias e Cultura no programa de Pós Graduação em Comunicação da UERJ. Sua pesquisa atual estuda os impactos dos usos do aparelho celular como meio de comunicação, através do viés da materialidade.

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