Existe uma pergunta sobre a imprensa: "se o mundo piorou ou a imprensa é que melhorou?". Não há dúvida de que o que melhorou foi a imprensa, graças ao desenvolvimento dos meios de comunicação. Além da velocidade, cada vez maior, o volume de informações pode realmente nos inundar e nos deixar perplexos, atônitos, sem tempo de sequer tomar uma decisão. Em seguida, vem outra informação, outra notícia outro fato, indigno ou frustrante, alegre ou esperançoso, curioso ou apenas para constar. Na Venezuela, esses componentes estão sendo prejudicados, com o fechamento da RTCV pelo regime chavista. No Brasil, tentou-se controlar a Imprensa de alguma forma, tentativas estas, felizmente, malogradas. Mas o Poder Central insiste e não desiste de controlar a Sociedade: através da Portaria, de n° 264 do Ministério da Justiça, que entrou em vigor em 13.05.07, os programas de televisão e rádio passam a ser sujeitos a censura, sob o sofisma de melhorar a qualidade do que se exibe publicamente. Mais um ingrediente nessa sopa estatólatra, cuja receita centralista tem elementos de inteligência acima da média popular, está a desmoralização do Legislativo. É importante frisar que, de fato, o Brasil possui sérios, graves problemas em praticamente todas as suas instituições, do Primeiro ao Quarto Poder, mas nada disso justifica o que parece se pretender, ao destruí-las moralmente diante da população, usando a própria Imprensa. Usa-se dos efeitos para ocultar a causa dos problemas, e talvez, outra causa, esta nada democrática. Estaríamos caminhando para a formação de um quadro plebiscitário para um novo mandato presidencial, considerando a "salvação da pátria" feita com bolsas esmolas, cotas universitárias, e demais privilégios para dezenas de milhões de brasileiros? Se associarmos outros ingredientes neste caldeirão chamado Brasil - que vem de braseiro, cor da madeira que deu origem ao nome, "brazil" - perceberemos que são bastante quentes: as ações dos grupos terroristas, ainda conhecidos como movimentos sociais, vêm se tornando cada vez mais ousadas, sempre sob os velhos pretextos agrários, como a invasão da usina hidrelétrica de Tucuruí; a invasão das dependências da uma universidade estatal - a USP - por estudantes e funcionários sob o pretexto de quebra de autonomia da instituição só porque o Governo Paulista exige a demonstração de suas contas ao público que as paga com impostos; a criação da Super Receita, que centraliza ainda mais a arrecadação dos impostos e tributos federais, ampliando seu controle através de convênios feitos com órgãos municipais e estaduais; a entrada em operação do HAL, um supercomputador com capacidade de controle e atualização de movimentação bancária em apenas dois dias, pelo Banco Central; as inúmeras operações da Policia Federal, sob as mais diversas denominações, sempre com a presença da imprensa, enfim, um conjunto que faz realmente pensar o que afinal poderá acontecer com as instituições brasileiras, ainda mais fortes do que as venezuelanas. Ao que parece, a inundação da mente dos brasileiros com notícias ruins de todo tipo, desde balas perdidas até dinheiro público desperdiçado - já se sabe que cerca de 10% do volume dos repasses do Governo Central para os estados e municípios é surrupiado pela corrupção - poderá conduzir ao que se poderia chamar de "estafa democrática" clamando-se pela imposição de uma autoridade maior, com a virilidade latino americana, para "virar a mesa e colocar ordem na casa". Os ingredientes estarão prontos e o caldo do plebiscito para o salvador da pátria devidamente cozidos para serem engolidos pela população. Estaria mesmo, sendo cozido algo assim no Caldeirão Central do Brasil? O federalismo descentralizante dos poderes encastelados no Governo Central urge cada vez mais. Não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina. Nota do Editor: Thomas Korontai é agente oficial e consultor especializado em propriedade industrial (www.komarca.com.br), autor de centenas de artigos sobre propriedade intelectual, federalismo e comportamento, publicados em diversos jornais e revistas. Foi fundador e líder de diversas entidades e movimentos, e autor de ações populares de nível federal. Autor dos livros Brasil Confederação (1993 download gratuito em www.federalista.org.br), É Coisa de Maluco...? (1998) e Cara Nova Para o Brasil - Uma Nova Constituição para Uma Nova Federação, a ser lançado em breve. Propõe o federalismo pleno das autonomias estaduais e municipais desde 1991. Fundador e Presidente Nacional do Partido Federalista (em formação) e Presidente do IF Brasil - Instituto Federalista - www.if.org.br - . Reside em Curitiba/PR.
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