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Opinião
06/06/2007 - 06h09
Os papagaios de Fidel Castro
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Não há que ter ilusão. A fala de Hugo Chávez dizendo que o Congresso Nacional é “papagaio de Washington”, agredindo o Poder Legislativo, é uma agressão ao governo brasileiro e, por extensão, ao povo brasileiro. Ainda uma vez vemos o tíbio governo Lula colocar acima dos interesses nacionais seus inconfessáveis acordos no âmbito do Foro de São Paulo, em franca traição à Nação brasileira, fato já visto quando a Bolívia, instigada por Hugo Chávez, lesou o patrimônio da Nação ao desapropriar a unidade da Petrobras e ao elevar unilateralmente o preço do gás comercializado. Rasgou o acordo prévio que era o sustentáculo jurídico dos milionários investimentos necessários para trazer o produto dos campos de produção até os centros de consumo no Brasil.

A elevação dos preços desequilibrou a balança e Deus saberá o quanto vai custar à Petrobras essa cunha inesperada nos preços, um verdadeiro imposto que o Sr. Evo Morales instituiu sobre os brasileiros.

Da mesma forma Hugo Chávez, repetindo o que fez de viva voz no Rio de Janeiro por ocasião do encontro do Mercosul, afrontou o Brasil. O Congresso Nacional posicionou-se contra a arbitrária violência de seu governo ao estatizar a maior rede de televisão daquele infeliz país, consumando o mais audaz ato de tirania desde que fez aprovar o tal Decreto Supremo que lhe formalizou poderes ditatoriais. Esse episódio é ilustrativo dos erros de avaliação das nossas lideranças políticas e dos perigos que rodam a vida pública brasileira. Elas estão colhendo os frutos que plantaram.

Ortega y Gasset falava de sua Espanha invertebrada. Posso aqui falar também de um Brasil invertebrado, sem fibra, sem honra e conduzido por homens que não estão à altura dos desafios colocados pelos tempos.

Eu vi na televisão o discurso do senador José Sarney exortando Hugo Chávez a rever seu ato ditatorial. À primeira vista teríamos que aplaudir Sarney por ter se posicionado de forma clara e contundente contra o arbítrio. Ocorre que Sarney não tem autoridade para cobrar do ditador venezuelano nada sobre seus atos atrabiliários, pois se Chávez é o que é e chegou onde chegou foi por ter o apoio ostensivo do governo brasileiro, do presidente Lula e do PT e, por extensão, da sua base política no Congresso Nacional, da qual Sarney é um expoente. Desde a tentativa de golpe inicial na Venezuela nosso governo criou uma barreira política de proteção internacional a favor do socialismo bolivariano do século XXI. Sarney nunca levantou a voz contra isso e foi além, deu seu apoio pessoal e do seu grupo político ao governo de Lula, que é o responsável, em última análise, pela manutenção de Chávez no poder.

Se o governo brasileiro quisesse Hugo Chávez não ficaria um mês no poder.

Sarney agora se posiciona contra as conseqüências de sua omissão anterior, tendo, a seu tempo, ignorado as causas que fatalmente gerariam esses fatos. Talvez tenha agido agora de forma honesta e convicta, mas para quem analisa desde fora a cena política a coisa soou hipócrita. O que é o fechamento de um órgão de imprensa, por maior que seja, diante do ato hediondo de instalação da própria ditadura que gerou o poder discricionários para o vilipêndio da liberdade de expressão? Um nada. Sarney poderia ter liderado o Congresso contra a supressão das liberdades na Venezuela quando isso aconteceu, mas foi omisso precisamente porque o governo brasileiro dava apoio ativo ao bufão venezuelano e ele, Sarney, é parte da base de apoio de Lula no Legislativo. Seu gesto de agora é meramente alegórico, intempestivo e temo que o desaforo de Hugo Chávez vá ficar sem nenhuma resposta adequada, esgotando-se nos rapapés inúteis da nossa diplomacia de fancaria. Os papagaios de Fidel Castro que estão no Palácio do Planalto são os mesmos papagaios que estão a governar a Venezuela. Sarney e o Congresso Nacional estão falando sozinhos e são impotentes para interferir na política anti-nacional que o nosso governo tem praticado desde que assumiu o poder de Estado.

Sarney é um exemplo acabado dos políticos de contorno patrimonialista que se julgam espertos o bastante para negociar com o Diabo e ainda assim salvar a sua alma e os seus interesses. Ledo engano. Quem decide criar em casa uma sucuri decidiu tornar-se refeição da serpente em breve tempo. É o que fez Sarney e a classe política brasileira que aderiram ao petismo de forma interesseira e oportunista, sem medir as conseqüências históricas de suas escolhas. Atravessaram a ponte e a explodiram, impedindo qualquer forma de recuo. Vejo nuvens sombrias sobre o nosso futuro imediato e esse episódio em torno de Hugo Chávez apenas confirma o temor que os verdadeiros democratas brasileiros sempre manifestaram sobre os planos inconfessos dos papagaios de Fidel Castro que estão em alegre revoada por aqui.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

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