Comprar aqui, ali ou acolá. Hoje em dia o ato de adquirir um produto sem necessidade faz parte da vida de muita gente. Portanto, especialistas afirmam: compra compulsiva é um sinal de doença. Para o Consultor Financeiro e Presidente da Boriola Consultoria, Cláudio Boriola, estourar o orçamento repetidamente é um vício igual ao alcoolismo. "A doença tem até nome: oneomania, aquele que necessita comprar, assim como o dependente químico necessita da droga. O desejo incontrolável de gastar tem tratamento: inclui acompanhamento psicológico e medicação. Mas é fundamental que a pessoa reconheça que está doente e precisa de ajuda", alerta. Segundo Boriola, além de cortar todas as formas de crédito, como cheques e cartões de crédito, o ideal é que alguém da família ou amigo próximo assuma o controle das finanças do paciente. Embora não exista dado estatístico sobre a doença no Brasil, ela tem crescido bastante. Já existe até grupos de auto-ajuda que segue a mesma linha de atuação dos alcoólicos anônimos. No Brasil não há estatísticas de quantas pessoas sofrem de consumo compulsivo, mas existem estimativas de que esse número equivaleria a 3% da população. Nos Estados Unidos, os oneomaníacos representam cerca de 1% da população do país e no Reino Unido esse percentual sobe para 3% entre os adultos e 8% entre os adolescentes. As estimativas de prevalência da oneomania variam de 1,1% a 5,9% na população geral. A Oneomania atinge principalmente as mulheres: segundo as pesquisas, a proporção é de quatro mulheres para cada homem com a doença. Os especialistas ainda não sabem precisamente o porquê da oneomania ser mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais, os fatores que levam a doença a afetar principalmente as mulheres. A doença pode estar associada a transtornos do humor e da ansiedade, dependência de substancias psicoativas (álcool, tóxicos ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e de controles de impulsos. A oneomania também emerge para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer. Enquanto está comprando, a pessoa sente alívio e prazer dos sintomas, que, passado um tempo voltam rapidamente. O efeito do ato de comprar é semelhante ao de tomar uma droga. De acordo com o especialista, assim como todo dependente, os consumidores compulsivos demoraram a admitir seu vício. "No caso deles é particularmente difícil porque fazer compras é uma atitude bem vista e até incentivada pela sociedade. A causa do consumo compulsivo é uma conjunção de fatores biológicos e psicológicos. Ao mesmo tempo, com as compras, a pessoa tenta preencher "o buraco" provocado por problemas do dia-a-dia", explica Boriola. A idade média de início da doença é aos 18 anos, no entanto o comportamento só é percebido como problemático dez anos mais tarde. "Uma pessoa pode passar anos comprando compulsivamente e adquirindo dívidas de até dez vezes a sua renda mensal, até perceber que sofre de uma doença. A ajuda só é procurada quando a situação financeira é, na maioria das vezes, uma condição insustentável", comenta. Segundo especialistas, há tratamento para a oneomania, mas ainda não existe um remédio que combata o desejo compulsivo de comprar. Sabe-se que, atualmente, a melhor forma de se tratar pessoas com este problema é por meio da psicoterapia, além da necessidade de contratar os préstimos de profissionais para planejar e recuperar todas as dívidas contraídas. Como saber se você é um comprador compulsivo? O Consultor Financeiro, Cláudio Boriola dá algumas dicas: "Não resiste ao impulso de comprar? Gasta mais que o planejado e se prejudica financeiramente? Impede ou prejudica seus planos de vida e das pessoas à sua volta? Pede dinheiro emprestado para os outros e até aplica golpes para poder saldar a dívida? Precisa efetuar a compra de qualquer maneira, independentemente do produto comprado? Percebe que está comprando coisas que não usa ou usa muito pouco? Assume dívidas acima de cinco vezes o valor de sua renda mensal? Esse teste é uma descrição dos sintomas mais apresentados por oneomaníacos e serve para indicar uma possível oneomania. Preencher a maioria desses critérios já aponta para problemas com o hábito de comprar. No entanto, o diagnóstico exato só pode ser dado a partir de entrevistas com profissionais da área", conclui Boriola.
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