O HPV é um vírus muito mais comum do que a maioria das pessoas imagina. O papiloma vírus humano, doença sexualmente transmissível, atinge uma em cada quatro brasileiras (principalmente as mais jovens). A realização do preventivo regularmente e do exame Papanicolau são as melhores formas de detectar o vírus e realizar um tratamento de sucesso. A falta de informação e de acesso ao serviço de saúde mantém o Brasil no topo do ranking de incidência do vírus, que sem tratamento, aumenta os riscos do desenvolvimento de verrugas genitais e de câncer do colo do útero. A alta incidência não é motivo para pânico, apenas reforça a importância dos exames ginecológicos rotineiros desde o início da vida sexual. De acordo com a estimativa de Incidência de Câncer no Brasil, o câncer de colo do útero é a terceira neoplasia maligna mais comum entre as mulheres, sendo superado pelo câncer de pele (não-melanoma) e pelo câncer de mama. Vários são os fatores de risco identificados para o câncer do colo do útero, sendo que alguns dos principais estão associados às baixas condições sócio-econômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao tabagismo (diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados), à higiene íntima inadequada e ao uso prolongado de contraceptivos orais. Estudos recentes mostram ainda que o HPV tem papel importante no desenvolvimento da neoplasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerosas. Este vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero. Segundo Drª Janyara Teixeira de Souza e Silva, oncologista clínica do Ceon, a incidência do HPV está cada vez maior entre os jovens. Apesar da forte campanha de prevenção às DST’s e Aids, as informações sobre HPV ficam diluídas entre tantos dados relacionados às demais doenças sexualmente transmissíveis. Sintomas e tratamento - Os principais sintomas do HPV são: sangramento vaginal, corrimento e dor. O tratamento adequado para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Na maioria das vezes visa a remoção das lesões (verrugas, condilomas). Os tratamentos disponíveis são locais (cáusticos, quimioterápicos, cauterização etc.). O retorno da doença pode ocorrer com freqüência, mesmo com o tratamento adequado. Eventualmente, as lesões desaparecem espontaneamente. Não existe ainda um medicamento que erradique o vírus, mas a cura da infecção pode ocorrer por ação dos mecanismos de defesa do organismo. A transmissão do HPV pode ser através do contacto sexual íntimo (vaginal, anal e oral). Mesmo que não ocorra penetração vaginal ou anal o vírus pode ser transmitido. Eventualmente uma criança pode ser infectada pela mãe doente, durante o parto. Pode ocorrer também, embora mais raramente, contaminação por outras vias que não a sexual: em banheiros, saunas, instrumental ginecológico, uso comum de roupas íntimas, toalhas etc. O HPV é um vírus que não está só na região do pênis e da vagina. Também se manifesta em região que pode não estar coberta pela camisinha, promovendo a contaminação. O HPV também afeta os homens, mas, geralmente, as infecções regridem espontaneamente antes do aparecimento de qualquer lesão. Quando há verrugas no pênis, elas devem ser removidas. O problema é que mesmo quando as lesões não aparecem, o homem pode transmitir o vírus para a sua parceira. Vale ressaltar que o período de incubação pode durar de semanas a anos. Como não é conhecido o tempo que o vírus pode permanecer no estado latente e quais os fatores que desencadeiam o aparecimento das lesões, não é possível estabelecer o intervalo mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento das lesões, que pode ser de algumas semanas a até anos ou décadas. A prevenção primária do câncer do colo do útero pode ser realizada através do uso de preservativos durante a relação sexual. A prática do sexo seguro é uma das formas de evitar o contágio pelo HPV. Jovens com HPV - Quando o jovem "fica" com diferentes pessoas de forma desprotegida, o risco de ter a infecção pelo HPV aumenta e, com isso, a possibilidade do câncer. O câncer de colo do útero pode levar de 10 a 15 anos para se manifestar. Muito antes do desenvolvimento de lesões mais graves, é possível tratar e controlar a infecção com exames periódicos. Medicamento - Um novo medicamento chega ao mercado para prevenir o papilomavírus humanos (HPV) e o câncer uterino. O medicamento foi testado em milhares de mulheres de diferentes países e produz anticorpos específicos contra cada subtipo de HPV. "A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado", explica Drª Janyara. A vacina é indicada para a prevenção de câncer, lesões pré-cancerosas ou displásicas, verrugas genitais e infecção causada pelos subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. "Deve ser aplicada em mulheres na faixa etária de 9 a 26 anos em 3 doses, seguindo as recomendações médicas", complementa a oncologista.
Conhecendo a vacina contra HPV
Aprovada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Vacina Quadrivalente Recombinante Contra HPV (6, 11, 16 e 18) é uma das principais apostas na luta contra o câncer. Isso porque cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero estão relacionados ao Papiloma Vírus Humano - mais especificamente aos seus subtipos de alto risco. Para esclarecer a correta indicação, bem como os benefícios da vacina, confira entrevista com o médico Adalberto Xavier Ferro Filho, membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Como é a atuação da nova vacina? Ela tem partículas dos subtipos de alto-risco do Papiloma Vírus Humano - 6, 11, 16 e 18. Ela induz à formação de anticorpos, evitando assim cerca de 90% das lesões condilomatosas e 70% dos casos de câncer de colo uterino, segundo estudos controlados. Quem poderá receber a vacina contra HPV? Até o momento, todas as pacientes entre 9 e 26 anos que não contraíram infecção por HPV, visto que somente esse perfil integrou os estudos. Como saber quais pacientes não têm HPV? São aquelas pacientes que não têm diagnóstico de HPV em citologias anteriores, em métodos diagnósticos de biologia molecular (Captura Híbrida e PCR) ou diagnóstico clínico. Vale destacar que várias pacientes que têm vida sexual ativa podem ser portadoras de HPV, mesmo se o vírus não tiver sido evidenciado em exames anteriores. Pacientes do sexo masculino poderão receber a vacina? A aplicação ainda não foi avaliada junto aos pacientes do sexo masculino de maneira conclusiva. Da mesma forma, ainda não estão concluídos estudos em pacientes do sexo feminino acima de 26 anos. Quantas doses devem ser aplicadas? Devem ser feitas 3 doses, com intervalo de 2 meses entre a primeira e a segunda e de 4 meses entre a segunda e a terceira - ou seja: 0, 2 e 6 meses. Ainda não está definido o tempo de reforço necessário, mas deverá ser superior a 5 anos. Quais os efeitos colaterais mais freqüentes? Felizmente, não foram evidenciados efeitos importantes. Será necessário autorização dos pais ou responsáveis, visto que alguns são pacientes menores de 18 anos? Atualmente, não há definição específica. Provavelmente não será necessário, mas a vacina deverá ser prescrita pelo médico assistente. Qual o problema de pacientes já com HPV receberem a vacina? Não foi observada nenhuma reação importante. A questão é que ainda não estão definidos os benefícios dessas pacientes - por exemplo, se há redução de recidiva das lesões e proteção quanto às alterações neoplásicas e pré-neoplásicas. Precisamos considerar que pacientes que já tenham infecção por HPV podem não ter infecção por todos os subtipos da vacina, sendo assim, as pacientes estariam se beneficiando, pois iriam adquirir imunidades contra os tipos de alto risco. O que muda em relação à prevenção do Câncer de Colo de Útero e das Doenças Sexualmente Transmissíveis? A vacina não deve modificar as condutas adotadas em relação à prevenção do câncer de colo de útero e das DSTs. Os programas de rastreamento do câncer de colo de útero, com a realização do Papanicolaou, devem ser reforçados. Da mesma forma, as orientações para as DSTs permanecem as mesmas, considerando-se que a vacina só proporcionará proteção contra as verrugas genitais, sem nenhum efeito sobre HIV, Clamídia, Hepatite e outras doenças transmissíveis por via sexual. Mulheres sexualmente ativas devem lembrar-se que é importante fazer o uso do preservativo. Quando veremos os resultados do impacto da vacina sobre os indicadores do câncer de colo de útero? Sabemos que isso poderá levar de 15 a 20 anos, pelo menos.
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