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Opinião
17/06/2007 - 16h27
As Sete Maravilhas
Rodrigo Constantino
 

"A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta". (Arthur Schopenhauer)

Recebi uma enxurrada de emails fazendo campanha pelo Cristo Redentor nessa eleição das “sete maravilhas do mundo”. Não ia comentar nada, ainda que ache isso uma grande besteira. Mas agora que o presidente Lula aderiu à causa, não posso mais ficar calado. Tenho que comentar algo, mesmo que seja apenas para implicar com o Nosso Guia. Há um critério quase certo – eu diria científico – de julgar uma causa: se o Lula é favorável a ela, não deve prestar.

O patriotismo exacerbado, in extremis, é não ter orgulho das conquistas pessoais. Muitos fogem de seus fracassos para se esconder atrás do patriotismo, tendo orgulho de algo maior, projetando seu sucesso nas conquistas alheias. Se você tem orgulho de sua trajetória, se considera ter vivido de acordo com seus valores racionais, por que deveria ofuscar isso com uma admiração – ou vergonha – de um grupo de desconhecidos, acidentalmente nascidos no mesmo local do mapa? Isso é coletivismo puro! Eu não sinto orgulho do fato de o Pelé ser brasileiro, assim como não sinto vergonha pelo fato de o Lula ser brasileiro. É indiferente para mim. Costumo admirar ou enojar indivíduos, por suas características particulares. Quem julga a colônia e ignora os indivíduos são os cupins!

Dito isso, pergunto: por que deveria eu me orgulhar de um monumento feito por outras pessoas? Somente porque está na cidade onde nasci? Não faz muito sentido. Nem mesmo um católico praticante eu sou, para louvar ao menos o símbolo da estátua em si. Acho, inclusive, a estátua da liberdade, em Nova Iorque, mais bonita, e prefiro seu significado também. Apenas por expressar essa preferência individual, inúmeros “cupins” já vão me condenar como “lacaio do império”. Vejam só! Sou obrigado a achar mais bonito um monumento somente porque ele está localizado na minha cidade! Eis o que o coletivismo faz com as pessoas. Os passos seguintes são escutar música local somente porque é local, ver filmes nacionais apenas porque são nacionais e, claro, defender que o controle de empresas seja de brasileiros, somente porque são brasileiros. Totalmente sem sentido. Onde fica a liberdade de escolha individual? Onde fica a imparcialidade do julgamento? Quantos preferem o falido Gurgel em vez de uma BMW? Os soviéticos, ícones dessa mentalidade coletivista, tinham que se contentar com aquele Lada terrível mesmo...

O único argumento que aceito para votar no Cristo é que seria vantajoso para nossa economia, para nosso turismo. Isso sim é uma colocação racional. Ocorre que os ganhos são irrisórios, e muito mais sentido faria usar essa mobilização toda para pressionar os governos a melhorar nossa realidade, investindo em segurança, por exemplo. É preciso lembrar que o Cristo, de braços abertos para nossa cidade, tem como vista infindáveis favelas, muita miséria e criminalidade fora de controle. Eis a realidade que essa votação boba não pode ocultar. E eis o verdadeiro motivo da “cidade maravilhosa” ficar cada vez menos maravilhosa, e deixar de arrecadar bilhões com o turismo. Acabamos atraindo aventureiros que vão a uma espécie de “safari” conhecer nossas favelas e gente em busca de sexo barato. Podemos eleger o Cristo como uma das sete maravilhas, mas isso não vai alterar nada dessa calamitosa situação.

Quando alguém começa a tratar a nação como um ente concreto e passa a falar no plural o tempo todo, como se fosse “nosso” Cristo ou “nosso” Pelé, eu tenho calafrios. O próximo passo natural é falar que é “nossa” culpa o bandido que arrasta um garoto pelas ruas. Ora, minha culpa que não é! A sociedade não passa de um somatório de indivíduos, e seria mais saudável que as pessoas passassem a julgar – para o bem e para o mal – atos individuais. Eu tenho mais respeito e afinidade por um australiano distante que defenda a liberdade individual do que por um vizinho marxista. Por esses motivos acima, não quero saber de voto em Cristo Redentor!


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfolio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog para a divulgação de seus artigos.

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