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Opinião
22/06/2007 - 13h02
Ninguém merece?
José Nivaldo Cordeiro - Parlata
 

Ando triste. Meu sentimento íntimo é uma mistura de asco e de impotência diante dos acontecimentos trazidos diariamente pela mídia. Perdi a vontade de ler jornais, de ver o noticiário pela Internet, me recuso a ver os telejornais chapa-branca, especialmente aqueles produzidos pela TV Globo. A lama é tamanha e o mau-caratismo tão alastrado que não paga o preço de dedicar a mínima atenção, exceto se você for psiquiatra e quiser analisar ao vivo os personagens de manicômio que povoam a nossa vida política. A sucessão de CPIs criadas para chafurdar ainda mais na corrupção endêmica que assola os Poderes da República deixou de causar perplexidade e despertar atenção, pois nada trazem de novo, é sempre mais do mesmo. Corrupção sobre corrupção. É tudo metodicamente previsível. É como o bater de ponto de um funcionário público subalterno.

A incompetência e o desleixo com o serviço público crescem na proporção em que a moral visigótica (lembro-me do brilhante artigo de Ortega y Gasset sobre o assunto que comentei em texto anterior) vai sendo abandonada, que é basicamente a moral cristã tradicional. Não é apenas nos serviços de saúde, onde a população pobre padece dos maus tratos mais dramáticos e vidas são precocemente ceifadas diante da indigência dos cuidados, vez que faltam pessoal e material médico-hospitalar, embora fortunas sejam desperdiçadas nesses serviços. Nem no sistema educacional, que torna a nossa juventude cada vez menos apta para enfrentar a vida prática e incapaz de criticar o viés ideológico emburrecedor que lhe ministram nos bancos escolares. Nem no transporte público de greves freqüentes, nos aeroportos superlotados, no tráfego aéreo que consegue fazer colidir aviões, matando gente às centenas e torrando a paciência de quem tem que viajar em aviões que nunca chegam. Nem na Segurança Pública, lenta e falha e que permite ao crime roubar, matar e seqüestrar como nunca se fez neste País. Ninguém merece? Não podemos esquecer que os males se agigantaram há pouco tempo, desde que Lula tomou posse. Seu governo soma, formando incomensurável grandeza, a incompetência e a má fé. Ninguém merece? Merece sim, pelo menos aqueles que votaram nesse governo incompetente e corrupto. Merecem isso e muito mais.

A ação deletéria dos novos governantes não tem limites. Outro dia tive que tirar passaportes para meus filhos pequenos. O serviço de emissão de passaportes nunca foi muito bom, é verdade, mas funcionava, gastava-se um bom tempo, pagava-se caro, mas o documento saía rápido e sem mais esforços. Não era o terror que temos agora. O preço foi abusivamente majorado. O serviço restrito a um pequeno volume de emissão diário. Conversei previamente com amigos que tiveram que passar pelo suplício e me disseram: "Chegue antes das 4:00 da manhã senão não tira". E ainda acrescentaram que a Polícia Federal estava ameaçando outra greve, o que significa a impossibilidade total de obtenção do documento. Ninguém merece? Eu sei que não mereço, mas quem votou nesses governantes desqualificados merece isso e muito mais.

E tive eu que madrugar na fila da Superintendência da Polícia Federal de São Paulo, isto é, do lado de fora dela, em completa insegurança e suportando o frio desse início de inverno paulistano. Lá encontrei gente a perder de vista. Minha senha foi a de número 450, o que significa que antes de mim igual número de pessoas havia lá chegado. Os retardatários (que chegaram depois da 6:00 da manhã) tiveram que retornar no dia seguinte, provavelmente em horário mais adequado ao grau de urgência com que demandavam o desejado documento. Vi gente que virou a noite ali, pois tinha de conseguir o passaporte de qualquer jeito, em face de alguma necessidade inadiável. Sacos de dormir, cadeiras trazidas de casa, jornais velhos, tudo servia para acomodar os indigentes eleitores (e não eleitores) de Lula que precisam viajar ao exterior. Consegui os desejados passaportes das crianças ao preço de muito tempo perdido, de uma noite em vigília, de um aborrecimento sem igual, de um dia de trabalho perdido. Ninguém merece? Acho que todos merecemos, e eu também, posto que poderia ter feito mais para não ver essa gentalha desqualificada chegar ao poder.

Os mais jovens cunharam a expressão "ninguém merece" para se referirem a alguma situação vexatória ou inconveniente que poderia ser evitada. É o caso aqui, apenas adequado o uso da expressão ao seu sentido afirmativo: todos merecem.

PS. A implacável e eficiente Polícia Federal que faz escutas telefônicas e algema gente a torto e a direto, mais das vezes inocentes, é incapaz de produzir passaportes de forma competente. Ninguém merece? Talvez se o serviço for privatizado a coisa se resolva. Mas como esperar a privatização de um serviço de um governo que quer implantar o socialismo do século XXI?


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.

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