11/09/2025  10h48
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
23/06/2007 - 13h21
Caetana e Ariano
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Natércia Campos era amiga de Ariano Suassuana. Um dia, Ariano estava em Fortaleza para uma de suas palestras-show no Teatro José de Alencar. Era começo de noite, o público-alvo se constituía de estudantes e o Governo convidara-o para falar sobre ética e responsabilidade, ou algo parecido. Mesmo assim, fomos. Ariano, para quem não sabe, não segue ninguém, suas palestras já têm uma dorsal definida. E ele falou: quando eu disser “isso assim”, estarei querendo falar em ética e responsabilidade e riu feito um menino ‘malino’. Estávamos na primeira fila e rimos também. Depois da palestra, Natércia foi ter com ele. O fato é que tempos depois, conseguimos uma fita com uma outra palestra do Ariano. Tudo parecia igual à palestra, a sua cadência, as piadas, o gestual e a jaqueta por sobre a camisa.

Agora, Ariano fez 80 anos, driblando a Caetana, como ele gosta de chamar a morte. E, por conta disso, lembrei mais ainda da Natércia que, justo no dia 02 deste junho, completou 03 anos de seu encontro inopinado com a dita Caetana.

Quem leu A Casa, romance de Natércia, e já leu Ariano sabe que ela bebeu na mesma fonte armorial, movimento regional dos anos 70 que enfatiza o valor da cultura popular nas artes, brasões e na literatura. Mas sabe também que Natércia foi singular e especial, nada tendo a ver a sua construção literária com a de Ariano ou Câmara Cascudo, outro monstro da nordestinidade cultural.

Voltando ao autor, dentre outros, de O Auto da Compadecida e do Romance D’A pedra do Reino, cuja apresentação, sob a forma de mini-série, foi feita pela TV – Globo (com locação, atores e guarda-roupa nordestinos), ele ainda é um lépido e produtivo ser cultural que tem como meta definitiva enganar a Caetana, enquanto puder. Para ele: “Se nosso país estivesse pronto, eu até me aquietava. Mas não está”. Ainda bem que o Brasil não está pronto. Ariano permanece esgrimindo a sua caneta em manuscritos inéditos que pretende concluir em breve, mas a sua busca pela forma e pela vida o impedem bravamente de acabar. Ainda bem.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.