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SEÇÃO
Crônicas
04/07/2007 - 13h00
Conectividade
Luciano Pires
 

Hummm... Ando com uma sensação de pasmaceira, de “ar parado”, de imobilismo... Uma impressão de que nada de bom acontece. Mas uma leitora, a Mara Regina, manda-me um e-mail emocionante que mostra que talvez eu esteja errado. Olha só:

Resido em Sorocaba, sou Terapeuta Ocupacional e trabalho com reabilitação desde que me formei em 1980. Minha luta tem sido desde 1983 pela inclusão escolar. Eu e minhas idéias idealistas, nunca nos apagamos... (mentira!!!!) algumas vezes cansei sim... mas após um período de trégua, ganhava fôlego, amadurecia como pessoa e retomava meus projetos. Um deles, nasceu após 15 anos de sonho e muita luta em vão... Eu queria muito ter uma brinquedoteca onde eu pudesse fornecer material para as crianças carentes que eu atendo. Tentei com lojas, empresários, enfim, uma porção de gente, um patrocínio. Tudo em vão. Finalmente me enchi de esperar e no final de 2005 tive a idéia de bater de porta em porta pedindo um brinquedo. Mandei e-mail para amigos, falei do projeto na hidroginástica, espalhei cartazes no bairro, falei em reuniões com parentes e amigos, virei cara-de-pau e fui pedindo um brinquedo aqui, outro acolá. Ai ai ai ai aiiii... To aqui arrepiada! Adivinhe! A brinquedoteca aconteceu! Atirei no que vi e acertei no que não vi! Os irmãos das crianças que eu atendo, adoraram a brincadeira e também foram beneficiados com o projeto. Sabe bola de neve? Bom demais pensar que tirei o bumbum da cadeira e cheguei lá. Eu daqui, num trabalho de formiguinha, oriento as famílias, mando carta aos médicos, sugiro exames de controle periódico e, quando não compreendo algo ou percebo que tem coisa estranha, corro para os médicos do meu convênio, marco consulta... Enfim, me viro e vou aprendendo e depois repasso tudo para os pais dos bebês que eu atendo.

Sabe, quando olho para trás, me sinto orgulhosa por tudo que consegui. Me considero uma boa terapeuta, com uma porção de falhas também, mas sempre procuro dar o meu melhor... Enfim meu caro... é isso... no meu pequeno território, tenho sim lutado, por vezes me frustrado, mas sempre acabo dando a volta por cima e sigo adiante... Com mais ou menos força... Mas no mínimo engatinhando, jamais me arrastando.”.

Pois é... Essa foi a Mara Regina, que lá em Sorocaba, como formiguinha, está mudando a vida das pessoas. Quantas Maras existem pelo Brasil? Milhares! Milhões. Cada uma no seu cantinho, se virando como pode, doando tempo, recursos e vida para realizar seus sonhos e ajudar a transformar o Brasil num país melhor.

Mas além das Maras existem milhares de entidades que também fazem acontecer. Em 2006 conduzi um grande evento do Movimento Brasil Competitivo, em Brasília. Em vários momentos muitas entidades presentes apresentaram suas idéias. Foi fascinante ver tanta gente agitando! Passados alguns dias, palestrei para a ONG “Via de Acesso”, em São Paulo, que realiza um trabalho interessante de ligação entre os recém-formados e as empresas onde podem iniciar suas carreiras. Também estive na Endeavor, outra ONG dedicada a fomentar o empreendedorismo inovador. Na Amcham, com seu programa de treinees, foi uma festa. E no comitê de jovens executivos da Fiesp, outra festa. Em cada um desses eventos conheci centenas de jovens e não tão jovens, empenhados em agitar, em fazer acontecer, em causar uma diferença na sociedade. Pô, tem um monte de gente fazendo acontecer! Talvez a estranha sensação de pasmaceira, de “ar parado”, de imobilismo que estou experimentando, esteja errada. Talvez eu esteja enxergando só o que a mídia mostra: os escândalos dos caras-de-pau e debochados que desviam nosso dinheiro e nada produzem. Com o foco nas lixeiras, estamos esquecendo de olhar pro lado.

E diante da imensa quantidade de pessoas e grupos realizando esforços pelo Brasil, a grande palavra do momento talvez não deva ser “inovação”. Nem “sustentabilidade”. Nem “inclusão social”. O tema que deveria estar ocupando a pauta de discussão nacional deveria ser co-ne-cti-vi-da-de.

Milhões de pequenos abnegados conectados, fazendo a revolução que interessa. Hummm... Vou escrever mais sobre isso.


Nota do Editor: Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Faça parte do Movimento pela Despocotização do Brasil, acesse www.lucianopires.com.br.

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