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SEÇÃO
Crônicas
07/07/2007 - 13h08
Duas de Buenos Aires
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

O que sobrou do cavalheirismo? Buscando uma resposta para esta pergunta, uma agência de publicidade argentina entrevistou cerca de 200 pessoas, homens e mulheres. Os resultados, divulgados no jornal El Clarín, de Buenos Aires, fazem pensar. Em primeiro lugar, e ao contrário do que se poderia imaginar, a igualdade entre os sexos não acabou com aquele tradicional cavalheirismo do passado. Assim, 96% dos homens não hesitam em ajudar uma mulher a levantar um objeto pesado (mesmo que a força física já não seja só apanágio do sexo masculino); e, fazendo frio, 85% dos cavalheiros emprestarão à dama um abrigo. À mesa, homens servem primeiro as mulheres; na rua, caminham pelo lado de fora da calçada.

Mas aí começam as dúvidas. Quase 80% dos homens dizem que cedem seu assento a uma mulher no ônibus; mas só 45% delas concordam em que isto seja verdade. Homens também não costumam mais abrir a porta do carro para as mulheres (os comandos eletrônicos fazem isso). Palavrões já não são tabu; 88% dos homens os dizem na frente das mulheres. É verdade que nem sempre a linguagem do sexo frágil é das mais refinadas, o que aliás não tem muita importância; os palavrões correspondem a uma necessidade inata do ser humano. Se o cara está pregando um prego na parede e dá com o martelo no dedo, não se espera que ele declame um poema lírico.

Por último, a questão da grana. Pagar as despesas já não é considerada uma obrigação exclusiva do sexo masculino, mesmo porque com o desemprego que grassa por aí, a realidade hoje é outra.

O evolucionismo darwiniano tinha uma explicação para o cavalheirismo: as mulheres prefeririam homens fortes, protetores, capazes de cuidar delas e da prole. Mas a cultura modifica os desígnios biológicos, e diante disso uma nova relação entre homens e mulheres torna-se necessária. Poderia ser sintetizada no binômio afeto & respeito. Escolher o lado de fora da calçada é galante (ainda que a gente não saiba exatamente por quê). Mas o importante é que as pessoas caminhem juntas e que, caminhando juntas, sintam-se bem. O resto é folclore.

Nomes e destinos

Há muito tempo, e com a ajuda de leitores, coleciono nomes que condicionam destinos, ou seja, aqueles nomes que estão associados com a profissão da pessoa ou com outro característico destas. Pois acaba de aparecer, na Argentina, um livro dedicado exatamente a este assunto; chama-se Marcados por el Destino: Cuando la Vocacion te Llama por tu Nombre, e ao qual cheguei graças ao prof. Ruben Oliven (UFRGS). O autor, Walter Duer, reuniu dezenas de casos, dos quais selecionei alguns exemplos. Assim, ficamos sabendo que existe um general romeno chamado Nicolai Militaru, um chapeleiro que atende pelo nome de A. Cabezas, um pianista (conhecido na Argentina) que é Sebastian Piana. Um médico chama-se Fernando Cura (bota sobrenome animador nisso) e um advogado tem o nome de Eduardo Leyes. E vocês sabiam que houve um pioneiro do nudismo, um cara que andava pelado e se chamava Heinrich Pudor, mostrando que o conceito de pudor é muito relativo? Há um vendedor de vinhos muito parcial, o Aniceto Tinto; para ser justo, ele deveria se chamar Aniceto Tinto y Blanco. Marcelo Lo Pinto é o que? Pintor, claro (poderia também ser urologista, mas aí já estamos no terreno da gozação). Um dos diretores da Câmara de Construção da Argentina chama-se Diego Buraco. E que tal um fotógrafo chamado Miklos Lente? O livro mostra a foto da loja de uma decoradora: é a Claudia Adorno. Há uma dermatologista que se chama Patricia Dermer (e que deveria casar com o Patricio Epidermer). O livro fala de um ministro da agricultura do Uruguai chamado Álvaro Trigo, e de um presidente da Sociedade Rural que é o Carlos Vaquer. Por último, o mais que adequado nome do gerente do Banco de La Nación: Daniel Cash. Este, pelo visto, só paga em "cash", em dinheiro vivo. Num país em que, no passado, os depósitos bancários foram retidos, deixando as pessoas sem grana, Daniel Cash está com tudo.

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