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Crônicas
12/07/2007 - 16h09
Acidentes são banais, a morte, não
Marcos Alves
 

Por que morre tanta gente no trânsito? Os tablóides exploram a miséria humana com histórias sangrentas que brotam todos os dias da sala de imprensa da polícia. Isso vende jornal, ainda mais jornal barato.

Sem motivo, jovens de classe média agridem a empregada doméstica, batem no gari, tocam fogo no mendigo. Isso também vende jornal e ajuda todo mundo a ver que não é só preto e favelado que ameaça (oh, quem dera!) a paz social.

Já a morte no trânsito não é notícia. É necessário algo absolutamente terrível para ganhar as páginas dos jornais. Só mesmo uma tragédia que envolva dezenas de pessoas, ou a morte de alguém conhecido ou um texto muito bom para que uma reportagem sobre morte no trânsito tenha espaço no noticiário.

“Não faça do seu carro uma arma, a vítima pode ser você”. Apesar das campanhas de educação no trânsito, todo dia alguém morre em um acidente. Considerar isso um fato corriqueiro é estúpido, mas extremamente comum.

E o pior é que boa parte dos acidentes, ou desastres como se dizia antigamente, acontecem nas horas de folga. Nos feriados, fins de semana, na madrugada... É quando surgem os descuidos, os abusos, a falta de sorte e, infelizmente, a estupidez.

No fim de semana que passou a vítima foi o jogador Alemão, do Palmeiras. Vinte e poucos anos, uma carreira de sucesso ainda no início e a vida inteira pela frente. Restou o silêncio, os vídeos com os gols e sorrisos, os clipes nos programas de esporte, ou seja, quase nada diante da perda e da falta enorme que ele vai fazer a amigos e parentes.

É difícil aceitar a perda de alguém que saiu de casa para passar o fim de semana na praia ou para ir à boate. Ou mesmo para ir ao supermercado. Por mais que a vida seja frágil, por mais que a morte seja a única certeza, não é nada fácil aceitar.

Esse é o problema da morte acidental: geralmente não há culpados, ou o culpado é a própria vítima. E às vezes, a vítima também é culpada da morte de inocentes companheiros de viagem.

A violência no trânsito se diferencia da violência comum porque é absolutamente destituída de razão. Enquanto assassinos de todas as idades e classes sociais cometem os crimes de maneira fria, as mortes no trânsito resultam de atitudes impensadas, gestos bruscos e total falta de controle por parte dos motoristas. São, de fato, mortes estúpidas por não serem calculadas, premeditadas, executadas por alguém no perfeito domínio dos próprios atos.

Não existe consolo nem vingança para esse tipo de morte, só desespero, tristeza e saudade. Mas se é assim, tão estúpido morrer no trânsito, porque continuamos a ignorar as campanhas que dizem para ter mais cuidado ao dirigir? Por que negligenciar o risco, se ele é tão real?


Nota do Editor: Marcos Alves é jornalista.

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