Ele demorava a sair e eu ali, debruçado em um balcão, aproveitei para tomar uma limonada, com casca! Pedi a uma moça gentil. Já passava das três horas da tarde, horário sagrado para o café da tarde, mas ali não havia café. Assim, com a limonada, procurei substitui a minha bebida preferida. Voltei a olhar para a porta por onde ele deveria sair. O pensamento ia longe, mil coisas passavam em minha cabeça de homem de cabelos brancos, que só depois da velhice comecei a ter hábitos diferentes. Meus pés doidos da espera reclamavam não ter ali uma cadeira sequer e, ao que parecia, a espera por ele ainda se alongaria entre vinte minutos a meia hora. Valeria voltar em casa, não tão longe do local onde fiquei de buscá-lo? Não ficaria mais ansioso? O suor me escorria no rosto e a vontade de tocá-lo aumentava a cada minuto. Havia de fazer algo por ali, para que outros que por ali estavam não percebessem que eu estava ansioso. Era a primeira vez que ele estava tão atrasado! Andei pela calçada, na tentativa de me distrair. Olhava ao redor e via mulheres bonitas, atrativas, ideais para um momento. Naquela tarde, elas andavam para lá e para cá. Houve uma que até me cumprimentou e perguntou por que a minha mão estava tão suada? Eu tive que confessar que era a ansiedade. Afinal, ele demorava a sair. A amiga, com leve sorriso, tentou me consolar, dizendo que eles são assim mesmo, sempre se atrasam. Disse, também, que quando eles saem trazem calor no corpo! Pedi à moça que me serviu a limonada para ir até ele. Não ficaria bem que eu mesmo fosse! A jovem me atendeu, mas disse que não o viu, pois não pôde abrir a porta de onde ele estava. Passei a crer que ele demoraria mais uns dez minutos para sair. Minha ansiedade fez-me tomar outra limonada, enquanto imaginava como o tocaria, como o morderia em um momento de prazer. Não o dividiria com nenhuma outra pessoa, nem com a vizinha solteirona que freqüentava o meu apartamento nas horas mais inconvenientes! Enfim, ele saiu, entre outros tantos, corado, bonito, apetitoso! E como haviam me dito, ele trazia calor. Torci para que mantivesse a temperatura até que chegássemos em casa a uma quadra de distância, para onde me apressei em levá-lo. Nem assim a velha assanhada que mora no trajeto, e da janela não sai, deixou de elogiar o cheiro que dele exalava. Ele tinha o peso certo. Eu conferi na hora que passou na balança quando saiu. Enfim, ele seria todo meu. Meu francês, meu pão! Nota do Editor: Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, DRT-398/BA, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi Bahia... É jornalista investigativo, escritor, poeta, e adepto do humor. Também conhecido como "Jornalista do Sertão". Gosta de um pão, mas não dispensa uma broa!
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