Voar, no Brasil, virou um pesadelo. Vivemos a pior crise aérea da nossa história. É preciso fazer algo. Urgente. O vôo 3054 da TAM deixou o país, mais uma vez, enlutado e triste, estarrecido e revoltado. Apenas dez meses depois do desastre da Gol, no meio da selva, que colocou a nu lacunas graves, até então desconhecidas pela população, outra vez (e independentemente da apuração das causas desse novo acidente) elas ocupam as manchetes: equipamentos obsoletos, sistema aéreo engessado, mão-de-obra desqualificada, uma absurda concentração de aviões nos principais aeroportos, filas gigantescas no check-in. E milhares de pessoas que dependem da aviação para viabilizar negócios, ou fazer turismo nas férias, sentem-se inseguras, reféns de um drama que parece não ter fim. Investir na melhoria efetiva do sistema seria uma medida saudável para a economia nacional, embora o que se veja é a inoperância generalizada, sem que alguém assuma a culpa. E o caos só faz crescer. De acordo com Alessandro Oliveira, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), cada 2% de crescimento do tráfego aéreo poderiam projetar 1% de aumento do PIB. O Brasil carece de um transporte aéreo mais competitivo, eficiente e seguro. Apenas 3% dos brasileiros viajam de avião. Será que é possível aumentar esse índice com as condições atuais? Será que estamos vivendo em um cenário de prosperidade ou de fragilidade? É triste assistir a dezenas de inocentes perdendo a vida por conta de um problema que se arrasta há tanto tempo. A tragédia de terça-feira deve motivar, já, uma união de forças neste Brasil que é tido como o país mais criativo do mundo. Devemos nos indignar e nos mobilizar em busca de um sistema aéreo que dê a todos a tranqüilidade necessária para ir e vir, sustentando o caminho do progresso. Juntos (governo, sociedade, empresários, jornalistas e muitos outros cidadãos) temos mais chances de encontrar a saída desse caos aéreo, trazendo mais paz no desafio de voar rumo a um mundo melhor. Nota do Editor: César Döhler, economista, cesar@dohler.com.br.
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