Um banco. Um corredor. Uma das maiores universidades de comunicação do país. O encontro de dois jovens que não imaginavam que as primeiras palavras trocadas ali fariam parte do início de uma história que duraria para a eternidade. A primeira conversa, o bate-papo comum de quem cursa as mesmas disciplinas e em poucos minutos quer se conhecer, trocar informações pessoais e as aflições daqueles que vivem as angústias da mesma profissão. Os próximos momentos seriam corriqueiros junto a mais três amigos, para debater assuntos, realizar tarefas acadêmicas, dar risadas e conversar sobre situações comuns do dia-a-dia. As aulas acabaram, as conversas não. Apenas o ambiente foi trocado. Do mundo real para o virtual, da faculdade para a tela do computador. No início apenas resoluções de um trabalho pendente. Meses depois um pedido mudaria a trajetória dessa amizade. - Quer namorar comigo? - Como? - É, quer namorar comigo? - Ah, desculpe, mas tenho namorado. Com certeza se não tivesse, ficaria com você! Fernanda não poderia ter dado resposta pior para um coração apaixonado como o de Henrique. Naquele momento o assunto fora interrompido, mas, ao longo de muitos dias, o jovem continuaria demonstrando à sua riqueza, como ele a chamava, suas melhores virtudes, seu carinho, mesmo que à distância, e seu interesse em fazê-la feliz, protegê-la e cuidá-la para sempre. Fernanda se surpreendia a cada palavra escrita naquelas conversas. Henrique sabia como conquistar uma mulher e a bela dama, insatisfeita com seu relacionamento na época, aos poucos se deixava envolver por aquele homem que realmente parecia ter sido enviado para mudar de uma vez por todas a sua vida. Depois de quatro anos tentando intensificar um sentimento que já havia terminado, e uma relação que já tinha caído na rotina, Fernanda parecia estar disposta a encarar os fatos e enfim transformar em realidade seu sonho de menina, ou seja, viver o amor em sua plenitude. As declarações de Henrique, unidas ao descaso do "companheiro" de Fernanda, tiveram como conseqüência o amadurecimento do pensamento da jovem que resolveu entregar sua vida ao destino e seu coração ao persistente Henrique. Era noite de sábado. Após um desentendimento com aquele que durante 48 meses fizera parte, pelo menos na teoria, das suas dúvidas e alegrias, Fernanda retornou para casa com uma imensa vontade de ouvir aquele que há alguns meses estava sendo companheiro assíduo no seu cotidiano, com conselhos sensatos, afagos virtuais e promessas de um futuro bom, o jovem Henrique. Foram seis horas de conversa ao telefone. Uma madrugada inteira trocando confidências, se conhecendo, explicando porquês, na simples tentativa de entenderem o que estava ocorrendo em suas vidas e o que já havia ocorrido nos 23 anos da jovem e nos 28 do rapaz. A partir daí, eles não se desgrudariam mais. Parece que a influência da dama lua, naquela noite de primavera, teria efeito para sempre no corpo, alma e coração do casal. Os telefonemas tornaram-se constantes. Ela já sozinha, ele tentando fazer parte da vida dela. No telefone público, para garantir sua privacidade, ao escurecer, Henrique contemplava a menina-mulher com suas doçuras. A jovem, totalmente tímida, mesmo que de forma inconsciente, emocionava Henrique e cada vez mais conquistava seu coração. Os poemas. As conversas transformaram-se no fim de cada uma, em belos poemas que refletiam em cada frase, o sentimento nutrido pelo homem à sua amada. Tardes, noites, manhãs, sussurros, risadas, foi um mês nessa troca de carinhos mútuos. O primeiro beijo não demorou a acontecer. Foi no belo Museu de Artes de São Paulo que os lábios se tocaram, os corpos se encontraram e perceberam que foram feitos um para o outro. Mais uma vez a Dama lua teve presença marcante e com o testemunho das estrelas, o casal selou, a partir daquele instante, sua história de amor para uma vida inteira. Nota do Editor: Lyne Cristina é jornalista.
|