Transformar a caminhada em aliada da qualidade de vida
A prática regular de atividades físicas contribui para a prevenção de doenças, combate a obesidade e melhora a auto-estima, especialmente quando adotada por pessoas da chamada melhor idade. Exercícios regulares são fundamentais para uma vida saudável e um corpo em forma. Mas, apesar dos inúmeros motivos para incluir as atividades físicas - e especialmente a caminhada - em nossa rotina, lançamos mão de inúmeras desculpas para adiar a decisão. Muitas dessas desculpas não se justificam, por isso é preciso ficar atento e combatê-las no dia-a-dia, para não deixar que prejudiquem a nossa saúde. Com a missão de disseminar informações sobre a prevenção de doenças, a organização não-governamental Instituto Ortopedia leva ao Parque Trianon, mensalmente, exames gratuitos e orientação para transformar a caminhada em aliada da qualidade de vida. E por que considero o trabalho do Instituto importante? Na minha opinião, a melhoria da qualidade de vida e da saúde passa pelo combate ao sedentarismo e, nesse contexto, a caminhada é uma excelente arma para isso. No aspecto funcional, destaco o fortalecimento dos ossos; aumento da mobilidade e flexibilidade nas articulações, manutenção da postura e aumento da capacidade de coordenar melhor os movimentos. No aspecto psicológico, cito o aumento da disposição, melhora da auto-estima e da sensação de bem-estar. Esse conjunto de benefícios colabora para melhorar a qualidade de vida do indivíduo como um todo. No entanto, todos os benefícios não são suficientes para incluirmos a prática da caminhada na nossa rotina. Enumero, inclusive, 10 desculpas "clássicas" para adiar a decisão de caminhar, mas gostaria de dar dicas simples para "desmontar" esses argumentos que podem comprometer a nossa saúde. 1. Não tenho tempo A falta de tempo é, de fato, um dos principais motivos alegados para protelar a prática de exercício. Como combater essa desculpa? Coloque a atividade da caminhada na agenda! Transforme a caminhada em um compromisso com hora marcada e sem a possibilidade de desmarcar. Anote: compromisso com a minha saúde! Além disso, pequenas alterações no dia-a-dia podem ajudar... Vá ao banco caminhando, ou, ao visitar um amigo, estacione o carro a uma determinada distância. 2. Não gosto de caminhar sozinho É praticamente impossível não ter um amigo, vizinho ou parente que também não queira caminhar. Mais do que isso, as pessoas da terceira idade sempre podem contar com os Grupos e com as amizades que pode fazer em parques e praças. Aliás, a caminhada é uma excelente oportunidade de fazer amigos! 3. Está muito quente ou está muito frio As alterações climáticas devem ser aliadas da prática da caminhada, não desculpas para evitar a prática de exercícios. No frio, um bom agasalho é o suficiente para espantar o desconforto. Além disso, a caminhada favorece o combate a dores típicas do inverno. No verão, não há desculpas!!! Apenas, escolha o horário adequado - até às 11h30 e após às 17 horas. 4. Meus pés doem As dores nos pés, durante a caminhada, devem ser investigadas. Uma das causas mais comuns é o uso do calçado inadequado. Prefira tênis, meias confortáveis e inicie uma caminhada curta - de 10 a 15 minutos. Outra possibilidade é que o praticante esteja caminhando errado. A maior concentração do peso do corpo se situa na parte anterior do pé. O apoio do pé deve ocorrer primeiro na sua parte anterior (sem que o peso fique mais nos dedos do pé) e seguir com o amortecimento da articulação. O calcanhar (parte posterior do pé) deve ser apoiado no chão e, na seqüência, voltar à parte anterior. Termine o movimento com o apoio dos dedos (artelhos) no chão. Se a dor for muscular, procure um ortopedista e solucione o problema! 5. Estou com dores musculares Mais um exemplo de que é importante consultar um especialista antes de iniciar a prática da caminhada. Com a orientação correta, essas dores musculares podem sumir, uma vez que ao contrário do que muita gente pensa, o exercício físico regular fortalece os músculos e contribui para retardar a degeneração óssea decorrente do envelhecimento - que é um fator de risco para lombalgias. Os exercícios só fazem mal quando não forem apropriados e orientados. 6. É muito chato Cuidar da saúde e garantir que o corpo esteja em forma para desfrutar o melhor da vida não pode ser chato. E o que fazer para a caminhada ser divertida? A resposta pode estar no seu estado de espírito! Associe a caminhada com a auto-estima, ou seja, um momento para cuidar de você! Além disso, sabe a falta de tempo para ver os amigos? Que tal vê-los durante uma caminhada? 7. Não tenho motivação A maior motivação para caminhar é a melhoria da qualidade de vida e da saúde. Com saúde, a vida é melhor; a sua relação com o mundo é melhor. Caminhando você pode fazer amigos, espantar a solidão e diminuir os impactos da depressão. Há estudos que comprovam, inclusive, os benefícios da caminhada no combate à depressão leve. 8. Tenho medo de andar Devemos ter medo, mesmo! As calçadas e vias públicas das grandes cidades brasileiras não são adequadas à caminhada. E o que fazer? Caminhar em praças e parques, que são - teoricamente - locais adequados à prática de exercícios. Além disso, costumam ter guardas, o que confere maior segurança. 9. Estou muito velho ou muito gordo A idade e o peso não devem ser fatores de limitação. Ninguém é muito jovem ou muito velho; muito gordo ou muito magro para cuidar da saúde, para fazer amigos ou para curtir a vida. Não há idade ou peso adequado - ou inadequado - para gostar de viver! É claro que alguns cuidados devem ser tomados, mas de maneira alguma devem desestimular a prática da caminhada. 10. Não consigo sair de casa Há, de fato, doenças que limitam o ir e vir do indivíduo. No entanto, com os avanços da medicina, é possível contornar - ou amenizar - os sintomas por um período de tempo determinado. No caso de invalidez, há benefícios físicos e psicológicos mesmo quando a prática é substituída por um passeio. No mais - e a dica que considero mais importante - é que quando você sair para caminhar, deixe as preocupações de lado. Tente cultivar bons pensamentos e utilizar a caminhada para relaxar. Nota do Editor: Dr. Fabio Ravaglia é ortopedista, formado pela Unifesp, com especialização em Ortopedia Reumatológica no Royal College of Surgeons of England e presidente presidente do Instituto Ortopedia & Saúde (www.ortopediaesaude.org.br).
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