Desde que a Aids começou a se espalhar pelo mundo, no início da década de 1980, todas as autoridades sanitárias e também de entidades ligadas à proteção da vida, lutam para reduzir os índices de contaminação do virus HIV que já matou milhões de pessoas desde que ele foi identificado. É por isto que é assustador as notícias de um movimento que está se espalhando pelo mundo que incentiva o sexo sem o uso de preservativos entre os homossexuais masculinos. É o chamado Bareback. Ou, numa tradução mais livre, montar em pelo. O movimento, que teria começado na Europa e Estados Unidos chegou ao Brasil e é muito preocupante. Os homossexuais que praticam o bareback alegam que os medicamentos disponíveis hoje controlam o HIV. Também dizem que quando se verifica a contaminação acaba a ansiedade e por isto deixam de se preocupar. Pode parecer insanidade um comportamento deste, a busca do prazer sem medir as conseqüências, mas é o que está ocorrendo em alguns grupos. Recentemente foi realizada uma pesquisa num centro de tratamento de Aids na Inglaterra e foi descoberto que 62% dos entrevistados faziam sexo sem camisinha. Estas pessoas estão colocando em risco a sua saúde e a de outras pessoas. Uma das coisas que precisamos deixar claro é que, apesar dos avanços da medicina, e que são animadores, a Aids anda é um problema muito sério. Há medicamentos que inibem o virus HIV, porém, é mentira que a contaminação não afeta a qualidade de vida da pessoa que toma a medicação. É bom lembrar que no nosso país, onde a crise no Sistema de Saúde é noticiado todos os dias, poucos têm acesso aos medicamentos. No Brasil, carente de estatísticas em praticamente todas as áreas, não se sabe quantas pessoas estão participando desta verdadeira roleta-russa, mas há vários sites na internet que incentivam a prática do bareback. Sem querer ser alarmista, seria interessante que a Saúde Pública fizesse um trabalho também focado nestes grupos. O Brasil avançou muito no combate a Aids e é exemplo para vários países. Conter estas “modernidades” é essencial pois se houver um crescimento no número de contaminações, possivelmente o sistema de saúde não conseguirá atender a todos e o resultado disso é o óbito dos que forem premiados com a roleta-russa. Nota do Editor: Márcio Dantas de Menezes é medico, palestrante e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual.
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