Empresas necessitam cada vez mais de profissionais que saibam planejar como um gestor, mas tenham a visão do todo, como um líder
Neste mundo cada vez mais complexo, onde os desafios se avolumam e globalizam todos os dias, não é mais possível pensar e agir de forma segmentada. É preciso somar conhecimentos, habilidades e motivações. É preciso usar todos os sentidos e todo o potencial de nosso cérebro e mente. No mundo corporativo, tanto público como privado, é fácil identificar pessoas que são claramente líderes e péssimos gestores. Assim como podemos reconhecer os fantásticos tocadores de projetos, comandando centenas de pessoas, sem a mínima sensibilidade de liderança. Quem tiver tendências apenas para um dos lados, precisa urgentemente buscar desenvolver o outro. Todas as organizações precisam de líderes que sejam gerentes e de gerentes que sejam líderes. Ou seja, elas precisam de "lidestores". Executivos que não sejam "lidestores" terão cada vez mais dificuldades de cumprirem suas metas, cada vez mais repletas de indicadores que envolvem simultaneamente resultados econômicos e de gestão do capital humano. Indicadores estes que permeiam de forma globalizada e interdependente os processos das empresas. Num mundo em que a colaboração é essencial para a competitividade, o crescimento e o lucro das empresas, ser um "lidestor" é condição essencial para ter sucesso na nova economia global. Eles precisam praticar a liderança colaborativa, ajudando não só as suas equipes, mas também os seus pares e todos os stakeholders que estejam de alguma forma contribuindo para a sustentabilidade da organização. A sobrevivência da empresa é, no fim das contas, a sobrevivência da grande maioria que lá trabalha ou depende dela. E quais seriam as características mais latentes dos "lidestores"? Talvez a que desponte como uma das mais importantes seja a de trabalhar com a cabeça e com o coração, conforme os cenários exigem do executivo, mais ciência (razão, raciocínio lógico, análise) ou arte (intuição, criatividade), respectivamente. Ou seja, aliar as competências gerenciais para organizar, controlar e mensurar com as competências de liderança para inspirar, motivar e inovar, de forma a gerar um ambiente de alta performance. Não se pode esquecer também de que a ética, o caráter, a responsabilidade conforme as dimensões do conceito de desenvolvimento sustentável e estabilidade emocional, mesmo no caos, são fundamentais. Ouvir, orientar, dar "feedback", delegar, corrigir, tomar decisões, motivar, trabalhar em e com equipes, dedicar-se para o sucesso do todo e de todos, desenvolver as pessoas e ter talento social surgem como mola propulsora advinda da liderança e gerência e voltada para um resultado global. Planejar, ter intuição, controlar, ter sensibilidade, cuidar dos detalhes, ter visão holística, cuidar dos processos, ter dedicação ao coletivo, aprender a aprender, aprender a aprimorar, aprender a re-aprender, aprender a recomeçar, aprender a ensinar, fomentar a melhoria contínua, desenvolver a percepção, cuidar dos clientes, gerir projetos e inovar são complementaridades que transformam líderes e gerentes em "lidestores". Também é importante destacar que um "lidestor" não se forma sozinho. É essencial a participação da organização, sobretudo da área de RH, no desenvolvimento deste profissional o mais cedo possível. O primeiro passo é o autoconhecimento, ou seja, descobrir quais são as motivações internas, habilidades natas, competências chaves, pontos fortes e fracos e tantas outras características pessoais que cada pessoa tem. O segundo passo é fazer com que as competências aflorem e sejam testadas frente a desafios reais, através de formas diversificadas de aprendizagem. O uso de perguntas, metáforas, raciocínio analítico, intuição e imaginação são essenciais para mobilizar pessoas na superação de obstáculos e geração de algo novo, diferente. Um terceiro e importante ponto a ser citado é a necessidade de que os gestores líderes sejam multiculturais, multidisciplinares e que consigam aplicar suas competências de forma interdisciplinar. Não é mais possível agir localmente sem pensar globalmente. Tomando como base as pesquisas que fizemos ao longo dos últimos três anos, é possível afirmar que há hoje uma intensa busca por profissionais que alinhem as características de gestor com as de líder, ou seja, que entendam dos processos de negócios e tenham, ao mesmo tempo, competências e habilidades para liderar equipes. Como pode se concluir, a formação de um "lidestor" não se resume ao esforço do próprio indivíduo. É o novo desafio das organizações e da área de gestão de pessoas. E você? Está preparado para ser um "lídestor"? Nota do Editor: Dieter Kelber (dieter.kelber@insadi.org.br) é diretor-executivo, consultor e pesquisador do INSADI Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual e de sua Business Process School.
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