Vários sentimentos e novos questionamentos surgem com a proximidade da Idade da Loba, fase que marca os 40 anos de uma mulher. Confesso que durante a minha fase Balzaquiana (30 anos), tive poucas oportunidades para pensar em mim. Percebi que havia muito de mim para resgatar. Difícil foi encarar o espelho e perceber rugas (mesmo que de expressão), pele ressecada, celulite, flacidez, pneuzinhos. Meu estoque de cremes aumentou: um para cada parte do corpo e para uma finalidade. Creme para o contorno dos olhos (noturno e diurno), creme para clareamento de manchas de sol e gravidez (foram duas), creme anti-celulite (será que funciona?), creme para o corpo, para as mãos, para o rosto e pescoço, cremes depilatórios e, pela manhã, muito filtro solar. Um verdadeiro ritual. E todo dia de manhã, um martírio: subir na balança do banheiro e conferir o peso. Meu Deus, como varia!!! E as vitaminas? A, B, C, E, quase o abecedário inteiro. Malhação: step, bicicleta, esteira, localizada, musculação e a pior parte: abdominal. De novo o espelho e um desejo: me entregar ao bisturi do Dr. Pitanguy, me livrar daquela barriga indesejável, empinar os seios e retirar os pneuzinhos das laterais e costas. Falta pouco para ser feliz. Mas quanto será que isso custa? Para compensar o que já não está tão perfeito aos olhos cruciais de uma perfeccionista, a maturidade conquistada é realmente um motivo de orgulho. Fazer escolhas melhores, errar menos, ser mais paciente e menos insegura dá a uma mulher um certo charme sexy que deixa os homens confusos. Uma mulher assim, se bem tratada, é capaz de se mostrar selvagem porque ela é segura o bastante para se revelar fêmea. Feliz do homem que tem uma mulher assim ao seu lado. Mas ela precisa aprender a aceitar que os perfeitos não existem, senão corre o risco de deixar o melhor do suco e da seiva na labuta diária entre casa, filhos, trabalho, ginástica e cremes. Afinal, para que isso tudo se ela não tiver com quem compartilhar? Nota do Editor: Cláudia Figueiredo Modesto é jornalista.
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