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SEÇÃO
Crônicas
06/08/2007 - 13h07
O inverno frio e o beijo quente...
Antonio Brás Constante
 

O que leva uma pessoa a escrever sobre o frio? Talvez o mistério gélido deste tema, ou apenas uma sensação desagradável que insiste em persistir no corpo, enquanto o autor tenta se concentrar em pensamentos mais nobres.

Tal assunto (em dias de temperaturas baixas), fica martelando dentro de nossas cabeças, congelando completamente nossos ânimos. O inverno é a estação em que os cronistas sentem vontade de escrever sobre as intempéries da estação. Os poetas sentem florescer em suas mentes frases frias e rimadas. Os ricos sentem o frenesi europeu. E os pobres sentem apenas os rigores do frio. É uma estação de sentimentos falsos, pois, por mais que algumas pessoas insistam em dizer que adoram o frio, na verdade o que elas gostam é de lareiras acesas, bebidas e comidas quentes, cobertores aconchegando seus corpos. Enfim, gostam de coisas que façam com que se sintam quentinhas.

O frio causa dúvidas sobre nossas emoções, nos deixando sem saber se os anseios que experimentamos, são verdadeiros ou apenas uma tremedeira causada pela baixa temperatura. Como exemplo, poderia citar o picolé, que é um dos prazeres do verão, mas causa arrepios quando lembrado no inverno. Podemos inclusive considerar o inverno uma estação “diet”, visto que, do mesmo modo que muitos alimentos dietéticos, também se apresenta em várias ocasiões com “zero calorias”.

Pensem nos transtornos que o inverno trás ao ser humano. Onde um simples passeio a pé acaba se tornando uma árdua tarefa, com um vento de congelar a alma massacrando o corpo, que mesmo protegido não consegue evitar os infortúnios do frio da estação.

Até mesmo a paquera fica difícil. Você vê aquele monte de roupas na sua frente. Apenas os olhos dela expostos e ainda assim meio fechados. Em uma tentativa frustrada ainda tenta despi-la em seu pensamento, mas desiste com medo de lhe causar um princípio de gripe ou pneumonia.

No inverno quando alguém diz: “tira a roupa e vem para mim”, o outro responde: “tem certeza?”. Mesmo que a pessoa aceite tirar a roupa, quando terminar de se despir terá de acordar o seu amor, que adormeceu pouco antes dela começar a tirar o terceiro par de meias, e que agora prefere continuar dormindo. Quem sabe amanhã o ânimo volta.

Por fim, o inverno é realmente a época do ano em que os amantes mais sofrem. As mãos frias tentando fazer carinhos são rechaçadas. A ternura das palavras sendo interrompida por espirros, por crises de tosses ou por fungadas, que lembram aos enamorados que aquilo que foi fungado, provavelmente desceu pela garganta de seu amado e que este logo vai querer beijá-la de forma calorosa, para expressar todo o seu amor. Acho que agora convenci você, sobre as agruras que o frio impõe. Bom inverno e nada de beijos.


Nota do Editor: Antonio Brás Constante é escritor.

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