O senador Renan Calheiros acreditava que a melhor defesa é o ataque e na quinta-feira (9/8) resolveu acusar a Editora Abril por eventuais irregularidades na venda da TVA à operadora Telefônica. Errou feio. Os negócios da Editora Abril nada têm a ver com as denúncias de Veja. Ao confundir as duas coisas, o senador assumiu publicamente que não tem resposta para as últimas denúncias do semanário. Difícil imaginar que empresas do porte da Telefônica e da Abril façam um negócio irregular – o mercado de capitais hoje passa por múltiplas fiscalizações. O presidente do Senado entendeu o recado do presidente Lula que em meio à viagem ao Caribe disse com todas as letras que gostaria muito que este caso chegasse ao fim. Era tudo o que o senador Renan não gostaria de ouvir porque a sua tática tem sido a de procrastinar, enrolar, vencer pelo cansaço. Expediente comum Veja pode ter errado lá no início quando simplesmente reproduziu as acusações da ex-namorada Mônica Veloso, ao invés de esperar alguns dias e comprová-las. As denúncias de Veja no último fim de semana sobre a concessão de canais de radiodifusão para o seu filho são irrespondíveis. O ato não é ilegal, mas contraria frontalmente o decoro, portanto é imoral: um parlamentar não pode beneficiar-se indiretamente de uma concessão que, por obrigação, deve fiscalizar. O bom da história é que grande parte dos parlamentares tem usado do mesmo expediente de conceder canais de rádio e TV a seus parentes. Renan está encalacrado: se o caso das concessões continuar em pauta, mesmo os senadores amigos serão obrigados a ficar contra ele.
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