Mudar é preciso, acima de tudo é preciso mudar. Mudar as mentalidades seria o ideal, quem sabe um dia isso será possível. No Brasil, o trabalho continua não tendo valor. Durante quatrocentos anos, dos quinhentos de existência do país, a economia funcionou tocada por escravos. A mentalidade perdura. Ubatuba tem nesse particular um dado cultural digno de nota. Se no Brasil, o trabalho vale pouco, em Ubatuba vale menos ainda. Nesta terra se encontra o que há de mais atrasado em termos de mentalidade patronal, situação semelhante à das fazendas de Minas Gerais, onde a escravidão persiste apesar da "Lei Áurea", já um tanto antiga. Os fatores atenuantes são a proximidade da capital e a presença dos turistas. Isso impede a escravidão explícita, embora exista um estado de coisas que pouco se diferencia dessa forma odiosa de exploração do homem pelo homem. Quando se fala em mudanças, todos são unânimes em dizer que apóiam, menos, é claro, os que estão investidos de sinecuras. Para estes seria bom se o mundo parasse de girar. Entretanto, muitos daqueles que se dizem reformistas, estão representando. O desejo é apenas fachada. Se houver alterações no rumo da nau, acontecerão inevitáveis perdas de privilégios e isso é inadmissível para os "donos do poder". Eles querem mudanças sem que nada mude. Enquanto os coronéis promovem ações para manter o status quo, a situação do município deteriora. Onde iremos parar, ninguém sabe. O limite será definido pela insensatez dos que não enxergam a aproximação célere da barbárie. Ela vem vindo de forma avassaladora. Depois do caos instalado não haverá remédio a curto prazo.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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