Nasce a mula manca
Anabel, minha fiel escudeira, pediu aposentadoria precoce, não agüentou o batente - perua é assim mesmo, quando tem de trabalhar faz que nem a Carmem Mayrink Veiga, aquela socialite hoje falida que garantiu que trabalhava "como uma negra". Seja lá como for, não posso tirar toda a razão de Anabel, é mesmo um desaforo ter de colocar os fracos neurônios para manterem uma repórter folgada na boa, tentando bancar a escritora. Mas que a Serranegra está fazendo falta, isso está. Já que é assim, enquanto ela sua o biquíni em outra freguesia, vou atacar de Mula Manca. A Mula Manca vai ser uma entidade feminina - mula e manca, claro, não poderia ser de outro jeito. Ela tem ter um lado perua também, mas mais abrangente, mais escrachado. A Mula é mais cínica que a Perua, que tem um componente mais doce. Enquanto Anabel tinha nas coisas do coração, dela e dos outros seu maior desafio, a Mula tem interesses mais variados, o que não quer dizer que sexo não esteja no cardápio dela. Política, cinema, futebol, moda, gincana, o céu é o limite, o que vier a Mula traça. Não sei quanto tempo dura e sequer ainda tem nome. Mas posso chamá-la pelo simpático apelido de MM. Por hoje é só, vou amadurecendo a idéia e dou aos meus queridos e escassos leitores a rara chance de se verem livres de mim mais cedo. Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro "Os florais perversos de Madame de Sade" (Editora Rocco).
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