Segundo Arne Astrup, nutrólogo dinamarquês que participou como palestrante do XII Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, o aumento das porções e o barateamento da comida industrializada são as principais causas da obesidade. Arne Astrup é dinamarquês e realiza estudos e pesquisas sobre dietas e hábitos alimentares. Como parte de sua atividade ele mantém uma cozinha experimental na cidade de Copenhagen, onde realiza experiências com diferentes produtos e a ingestão de alimentos. Ele tem realizado interessantes estudos comparando alimentos produzidos e comercializados em todo o mundo, constatando os diferentes níveis de gordura, açúcar e outros componentes. Segundo Astrup as porções dos fast foods aumentou muito nos últimos anos, ao mesmo tempo que o seu preço se reduziu, gerando assim um consumo exagerado e talvez desnecessário em termos nutricionais de certos alimentos. A gordura trans, por exemplo, muito utilizada em cozinhas industriais e alimentos industrializados, em alguns países como a Dinamarca praticamente já foi totalmente banida, o que ainda não ocorre em outros países que passaram a fazer esse controle recentemente, como o Brasil. Uma pesquisa de Arne Astrup, analisando a batatinha frita de vários países, mostrou que, em algumas porções, haviam de 10 a 20 gramas de gordura trans, quantidade bem superior, inclusive, à quantidade recomendada pela ANVISA, no Brasil. Dietas hipocalóricas, ricas em cálcio, eliminam mais gordura do que a mesma dieta sem cálcio. Segundo Astrup dieta hipocalórica que contenha cálcio, por exemplo em leite e em queijos brancos, faz com que o organismo elimine mais gordura através das feses do que a mesma dieta sem estes produtos. Esta constatação é recente e deve levar a repensar a composição ideal destas dietas. Quanto à ingestão de chocolate, Astrup também tem uma contribuição importante e até agora desconhecida. Segundo ele, em experiências realizadas com diversos grupos de pessoas, o grupo que ingeriu chocolate amargo pela manhã, antes de realizar suas refeições durante o dia, quando comparado ao grupo que ingeriu chocolate com leite e açúcar, ficou mais saciado e ingeriu menor quantidade de alimentos durante o dia, ou seja, o chocolate amargo sem açúcar apresentou-se como sacietógeno, quando comparado ao produto com leite Arne Astrup aponta também um consumo exagerado de refrigerantes com o conseqüente aumento do peso de quem os ingere. Segundo Astrup as calorias do açúcar são processadas de forma diferente em alimentos sólidos ingeridos com e sem refrigerantes. Quando há a ingestão de refrigerantes o organismo não se sacia da mesma forma quando ingere somente alimentos sólidos, levando a pessoa a comer mais e a ganhar peso. Segundo o endocrinologista Marcio Mancini, presidente do XII Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Bariátrica, realizado em São Paulo, de 16 a 19 de agosto de 2007, "as colocações de Arne Astrup são importantes e de certa forma trazem novidades." A objetividade e a abrangência do trabalho do Prof. Astrup, pesquisando alimentos e hábitos alimentares em várias partes do mundo, trazem contribuições importantes para o estudo da Obesidade e nos permite repensar alguns conceitos, termina Mancini.
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