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Opinião
26/08/2007 - 19h20
Os olhos, os ouvidos, as orelhas
Luiz Bosco Sardinha Machado
 
Seria um caso de reencarnação do doutor Jekill d’O médico e o monstro?

Ouvindo o presidente Lula falar à gente do Mato Grosso, após uma ameaça de vaia por parte de manifestantes que o aguardavam, sobre a função e utilidade dos ouvidos, fomos remetidos a um longínquo ano da década de oitenta, quando um general-presidente dizia mais ou menos a mesma coisa, talvez com outras palavras.

Após ter sido vaiado em diversas oportunidades e, inclusive, tendo um ônibus em qual estava, sido apedrejado, o presidente de ocasião saiu-se com esta pérola, que Deus lhe dera dois ouvidos, um para as vaias e outro para os aplausos.

O regime de exceção dava seus últimos espasmos e com tal declaração, vaticinamos: é o fim. E realmente, tempos depois, Sarney era guindado à presidência, pondo fim aos "anos de chumbo".

A ditadura fizera ouvidos moucos ao povo. Era tarde e o resultado não poderia ser diferente. Em vinte e dois anos em que os militares revezaram-se no poder, não aprenderam que os ouvidos e por extensão as orelhas servem entre outras coisas, para usar brinco, levar pé do ouvido e, principalmente, para ouvir a voz da razão e do bom-senso e também o clamor e anseios do povo.

Nunca imaginamos, que vinte e dois anos depois, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva famoso por sua renitência e persistência na luta contra a ditadura, levado à presidência da República, cercado de uma assombrosa expectativa, fosse repetir tais palavras.

Seria um caso de reencarnação do doutor Jekill d’O médico e o monstro?

Acreditava-se que o Brasil tinha um mandatário saído do meio do povo, não um carreirista político, mas sim, um alguém que falava, ouvia, conhecia e entendia o murmúrio das ruas e tal afirmativa frustraria as expectativas do povo, que há muito já vem balançando.

Mas, voltemos ao século vinte e um. Em seu palavrório o presidente, depois da aula da anatomia auricular, entrou num assunto, que imaginávamos conhecesse muito bem: democracia. Engano nosso.

Mais de trinta anos de militância política, não foram suficientes para ensinar a Lula que a existência de um presidente está condicionada à democracia e não o contrário. O impedimento do mandatário de momento, não leva necessariamente à ditadura. Lembre-se de Collor de Mello.

Que a democracia representa a vitória do contraditório e da liberdade de expressão. Nela aceita-se as vaias, como expressão do povo e até um eventual "fora Lula".

O que não se aceita, entre outras coisas, é a censura a um artigo de um jornalista, publicado em seu blog na internet. Ainda que esta censura tenha sido decretada pela Justiça, acatando um pedido do presidente, que se sentiu ofendido.

Se Lula assim continuar, sem sentir, sem escutar ou sem ouvir e sem usar o que acreditamos ter entre seus dois ouvidos - o cérebro - não haverá tímpano que suporte o ruído que virá.

E vai-se dormir com o barulho que vai-se escutar.


Nota do Editor: Luiz Bosco Sardinha Machado é o responsável pela Coluna do Sardinha (colunadosardinha@yahoo.com.br).

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