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SEÇÃO
Crônicas
26/08/2007 - 15h13
Mudanças
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

Uma amiga querida de MM (Mula Manca) mudou-se para uma casinha maneira. E chegou à conclusão que tal mudança custou seu romance. Não, incautos e escassos leitores, não foi para o outro lado do mundo, onde o bofe não pudesse alcançá-la, pelo contrário. Ela não mudou de zona, sem trocadilho, por favor, queria apenas sair do apartamento para uma casa, ter um quintal, esse tipo de sonho que os paulistanos neuróticos pela violência acham loucura, casa é mais vulnerável que apê, esses leros. Mas a tonta, que é meio chegada a prendas domésticas, foi em frente. E deu com os burros n’água, ou melhor, com o bofe n’água. Leiam e aprendam com a história. Mesmo a coitada com a cabeça de vento conseguiu chegar a uma conclusão.

“Mudei no meio de uma gripe imensa, febres, calafrios, um inferno na torre, nesse caso na casa, tudo de pernas pro ar, aquela confusão de mudança. E fui com tudo, fiquei completamente absorvida pela vida doméstica, só pensava naquilo, parecia uma droga, que consumia toda minha energia, toda a grana. Nesse meio tempo meu namorado, que andava sumido, reapareceu e deu a maior força, aquelas de serviço de homem, pregar quadros, ligar luz, macho tem bastante utilidade nessa hora. Juntou a fome com a vontade de comer, eu fiquei encantada, a vida parecia uma imensa brincadeira de casinha, jantares, papos etc. E como ele estava cheio de problemas aproveitei o gancho e fui pura dedicação, consolando, confortando, ligando para saber como estava, enfim, toda fofa.”

Nesse ponto me deu vontade de rir, como boa mula acho que homem meio tem que ser tratado nos cascos, mas agüentei firme para ouvir o resto, que é didático. “O resultado foi que ele foi ficando cada dia mais frio e indiferente, começou a implicar com tudo, tipo eu não estava lendo nenhum livro, imagina, como se ele fosse um grande letrado. Reatou laços não sei de que tipo com uma ex-namorada que eu achava que fosse só uma baranga, mas descobri também que é fofoqueira e mau caráter. Ao invés de dispensar o tipo para que ele fosse ser feliz com o pouco com que se contenta fiquei ainda mais solidária, praticamente uma mãe, mesmo porque não precisa nem falar, todo tesão dele por mim acabou. E levei um belo de um pé na bunda disfarçado de ciúme de um ex-namorado que caiu no crime de vir me ajudar a plantar uns vasos de temperos – sempre essa neura doméstica que tomou conta de minha vida.”

Juro, meus queridos, que não falei bem feito para a tontinha. Mas que eu acho que ela, mesmo fofa, é a maior trouxa, isso acho. Homem que se acha dono e senhor do material acaba perdendo o tesão. E na maioria das vezes dá um perdido sob qualquer pretexto. Fui.


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro “Os florais perversos de Madame de Sade” (Editora Rocco).

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