Não fui à manifestação do "Cansei". Reconheço haver percebido nesse movimento duas coisas relevantes, que andavam em falta no Brasil. A primeira uma demonstração pública de náusea com o malfeito, com o estado deplorável em que anda a moralidade de nossos homens públicos. A segunda - e a mais importante - uma demonstração de instinto de sobrevivência por parte da elite econômica escorraçada do poder há muito tempo, embora atabalhoada e vacilante, medrosa. Ainda que reconheça isso não me animei e não saí da minha casa para acompanhar o cortejo dos cansados. Ao ler a entrevista de um dos líderes dada à revista Veja - João Dória Jr. - percebi que minha escolha foi correta. Essa gente cansada protesta feito barata tonta e não sabe de onde vem a ameaça e o perigo. Nem sabe que o Brasil se encontra em estágio avançado de revolução socialista, talvez um grau atrás do infeliz país de Hugo Chávez e de Evo Morales. Quem teve a oportunidade de ver as imagens e ouvir a mensagem pró socialista e pró reeleição de Lula por ocasião do Terceiro Congresso do PT (clique aqui) sabe que o processo político brasileiro está se encaminhando para seu desfecho trágico. Essa iminência do perigo, todavia, não é percebida pelo líder do "Cansei". João Dória Jr, e seus seguidores não têm a noção exata do que se passa. Confundem eleições regulares com o exercício da democracia. De há muito vivemos um regime de partido único dirigido com fins revolucionários e as eleições têm servido para meramente legitimar a marcha dos revolucionários. Os comunistas tomaram o Estado em quase todos os níveis, alinharam o Brasil com a causa revolucionária internacional, alimentam com os fartos recursos públicos a propaganda e a ação política de seus correligionários em todo o Brasil e demonstram cada vez mais seu lado autoritário sem nenhum pudor, como pudemos ver no caso da deportação dos jogadores cubanos que pediram refúgio. E não podemos esquecer que se lançaram agora à causa do terceiro mandato, negada na maior cara-de-pau por Lula na entrevista exclusiva concedia ao Estadão. Vá ver que os cansados acreditam em Lula e em Saci-Pererê. Dória Jr. declarou que ficou surpreso com a intolerância do governo: "Nós não esperávamos que ela viesse com tanta força, mesmo porque o ’Cansei’ não foi feito para ser um movimento de oposição ao governo Lula". E para que então foi feito o movimento? Para descansar? Segundo ele, o movimento tem cinco pontos: "combate a corruptos e corruptores, reforma tributária, prioridade à educação, melhoria na eficiência da gestão pública, e da segurança pública". O mesmo que está na plataforma do PT e de seus aliados, perfumaria que consta em qualquer dos programas esquerdistas. Enquanto isso os bolcheviques tomam o Estado de assalto, desorganizam o sistema jurídico, praticam a corrupção em larga escala e em todos os poderes da República, destroem a qualidade do ensino, tornando a juventude militante nata de suas causas, roubam montanhas de dinheiro via impostos e tornam a roubá-lo nas suas maracutaias infinitas e desavergonhadas. Nenhum desses fatos óbvios fez os Dórias cansados desse país acordar para o que realmente se passa, a destruição da propriedade privada, dos fundamentos da liberdade, da sociedade aberta, do capitalismo, dos valores da civilização, daquilo que fato tem sustentado a ordem pública, a moral judaico-cristã. Esses dorianos cansados são um bando de idiotas que sentem o calor do fogo chegando mas se incomodam mesmo é com a fumaça. Serão queimados no fogo inextinguível que sempre queimou os idiotas mal informados nos processo revolucionários. Quem tem algum juízo nesse país tem que se colocar em guarda contra o que está acontecendo, contra Lula, contra o PT, contra seus falsos opositores PSDB e DEM, contra a falsificação da democracia que tem sido o nosso feijão-com-arroz nos últimos vinte anos. Esses cansados têm vergonha de abrir a boca para defender o que é certo. Então que sentem e esperem. Não cansarão de esperar, disso estejam certos. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.
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