O metrô paulistano é o único meio de transporte coletivo que, realmente, é eficiente no que concerne ao seu funcionamento. Por dia, mais de dois milhões de pessoas, conforme estudos, utilizam-se deste transporte literalmente subterrâneo a fim de deslocarem-se para os inúmeros bairros existentes na capital da quinta maior megalópole mundial. Seria maravilhoso, por exemplo, se o metrô estivesse instalado em todos os bairros da cidade, ou melhor, da Grande São Paulo. Com malha metroviária ampliada e difundida, assim como em países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, traria aos cidadãos um mundo de vantagens. Seria possível, quiçá, um dia imaginar tal possibilidade? Se o metrô funcionasse com a perspectiva destacada acima, aliada, contudo, às praticidades já existentes, certamente o meio ambiente agradeceria, pois haveria uma quantidade ínfima de veículos em circulação. Desta forma, a poluição do ar diminuiria gradativamente e as pessoas não sofreriam tanto com problemas respiratórios. Um ar limpo, em dias ensolarados, seria estimulante àqueles que despertam para seus afazeres. Os motoristas, ao invés de se estressarem, irem às turras com o trânsito acirrado e concorrido das vias paulistanas, fariam do metrô o condutor preferido de todos os momentos do dia. Trocariam as horas perdidas dentro do carro, pelo deslocamento via metrô, de forma confortável e tranqüila. Poderiam até presentear o período destacado ao trabalho, na ida e na volta, para lerem um livro de sua preferência. Enfim, o metrô constituído em São Paulo é muito interessante, e diria, até charmoso. É comum observar, no transcurso das estações, passageiros bem trajados, com ar de leveza e sobriedade, pois têm no mesmo a certeza de que fará uma viagem sem pormenores. Em muitas ocasiões, o metrô lembra de perto os antigos e famosos trens que cruzaram o Estado levando os interessados ao seu destino num verdadeiro ritual de passeio. Pena que nosso transporte escondido em baixo do asfalto não receba as maravilhas da natureza como, por exemplo, era possível ver no trajeto Santos-Jundiaí, e sua esplendorosa Serra do Mar. O metrô, para quem tem o hábito diário, ou mesmo, corriqueiro de utilizá-lo, chama a atenção para outros aspectos singulares. Retrata, em linhas gerais, a condição de São Paulo ser uma verdadeira cidade cosmopolita em suas entranhas. Ao aportar em cada estação, um observador de sensibilidade e agudez recebe, no mesmo vagão, passageiros de várias nacionalidades, "tribos" e extirpes diferentes. No entra e sai constante, os olhos das pessoas recebem um leque infindável de traços fisionômicos e comportamentos particulares. Ali, realmente, há a união dos povos, tão clamada, ao menos por alguns instantes, até a próxima estação. Às vezes, andar de metrô dá a impressão de estar em uma Torre de Babel, pois mesmo com esta confluência de estilos, ninguém se entrega a um olhar, uma palavra afável; nada. Ao contrário, estão todos, sem exceção, compenetrados em chegar logo ao destino desejado para, então, saltar do vagão como tigres no ataque à presa. É visível encontrar passageiros embebidos na leitura de livros, jornais, revistas, revisão de trabalhos, sonados por acordar cedo ou pelo desgaste da labuta diária. Porém, existem aquelas pessoas que, no caminhar do metrô pelos trilhos, um tanto barulhentos, dedicam seu tempo para simplesmente pensar na vida. Enquanto os olhos fitam qualquer signo existente, a mente flutua em plumas com pensamentos variados: trabalho, amor, dinheiro, estudos, enfim. Andar de metrô, independente das condicionantes nem sempre agradáveis, como excesso de pessoas, premência pelo tempo curto, filas enormes para aquisição de bilhetes (ou mesmo falta de planejamento de quem escreve em comprá-los com antecedência), é sempre um atrativo em meio às necessidades de locomoção, pois denota o quão a cidade paulistana é constituída em núcleos distintos, mas complementares. Na paulicéia dos contrastes, onde temos Jardins como modelos de nobreza dos aristocratas, e Paraisópolis, dos plebeus, sem posses, o metrô, com sua malha metroviária, recheada de estações, apresenta uma cidade abaixo do solo quente e gasto pela correria desenfreada dos moradores que lutam insistentemente pelo pão de cada dia. Jabaquara, Ana Rosa, Sé, Luz, Tucuruvi, Ramal Paulista, Linha Leste-Oeste, que abarca a região mais populosa do país, são legítimos bairros que mostram personagens e culturas, imagens específicas que não são, de fato, encontradas, quando se enxerga São Paulo após o término da escada-rolante. Nota do Editor: Willian Ribeiro é amante da leitura e da literatura, graduado em Comunicação Social pela Universidade Bandeirante de São Paulo e pós-graduado em Teoria da Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero. Tem seis anos de experiência em mídia impressa e agência de publicidade. Começou a escrever textos literários para registrar sua percepção dos ambientes vividos. E, desta união, surgiram dois livros: um de poemas "Meus sentimentos" e outro um romance, "A primazia do amor vivido" prontos para publicação.
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