Atualmente vivemos questões preocupantes que envolvem a saúde da população. Está passando da hora do nutricionista ocupar seu espaço, independente do segmento em que atue ou pretenda atuar. Faculdades se multiplicam e colocam vários profissionais no mercado, a cada ano. Assim, temos observado que é crescente a visibilidade da nutrição e dos profissionais com ela diretamente envolvidos, bem como nosso papel como educadores em alimentação que tem sido referência para mudanças, principalmente em debates sobre segurança alimentar e nutricional, saúde do trabalhador, saúde da família, nutrição hospitalar, nutrição esportiva, hotelaria, dentre outras. Recordo-me que há 20 anos, quando conclui minha graduação na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), já começávamos a ser reconhecidos como profissionais ligados diretamente à saúde. Até então, éramos vistos como profissionais ligados ao preparo de refeições ou simplesmente para executar o que o médico prescrevia ou recomendava, como dieta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos deparamos, atualmente, com questões de desnutrição e doenças chamadas "carenciais", ao lado de doenças degenerativas, com destaque para o excesso de peso, a obesidade e o diabetes, que atingem tanto adolescentes e adultos, como crianças. Em Ribeirão Preto (SP) não é diferente. A globalização trouxe aspectos positivos, sem dúvidas, mas, também gerou mudanças nos hábitos alimentares no Brasil e no resto do mundo. Segundo o IBGE, nos últimos 30 anos, foram constatadas mudanças expressivas em nossa rotina alimentar, com a redução do consumo de alimentos como arroz, feijão, batata, pão, frutas, verduras e legumes, e, em contrapartida, aumentou o consumo de alimentos prontos, altamente calóricos, industrializados e nutricionalmente mais pobres. Nas grandes cidades, a população gasta entre 24% e 32% de seus rendimentos com alimentação, e a tendência é de que essa proporção aumente com o desenvolvimento econômico do país. Um quadro como esse gera diversas implicações, como a preocupação para nós nutricionistas, com a segurança alimentar, o prazer em realizar nossas refeições e com o conteúdo nutricional. E como se isso não bastasse, surgem, a cada dia, alternativas oportunistas e imediatistas, "mágicas descobertas" no campo nutricional que pouco ou nunca foram testadas quanto a sua real segurança. Atualmente, nós nutricionistas estamos diante de vários desafios e vejo muito claramente isso após duas décadas de atuação em nutrição clínica. Com certeza devemos atuar para tentar reverter essas distorções encontradas na população. Educação é a palavra chave. Semear conhecimento, promover a conscientização das pessoas e possibilitar mudanças com a incorporação de novos hábitos, mais adequados e saudáveis. Precisamos aliar ferramentas educativas com ações que garantam a segurança alimentar e nutricional. Dessa forma, vamos atuar na melhoria da qualidade de vida de todos e até mesmo ajudar a reduzir gastos com saúde pública. Vejo com orgulho o quanto caminhamos desde o primeiro curso em Nutrição na Universidade de Brasília (UNB), disponibilizado no Brasil, na década de 70. Mostramos nossa competência e capacidade, porém, temos plena consciência de que ainda precisamos consolidar a ocupação desse espaço, mostrando nossa cara, afinal, desempenhamos um papel importante para o ser humano. Nota do Editor: Luiz Sinicio é nutricionista, há 20 anos, com especialização em Nutrição Clínica.
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