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Opinião
15/09/2007 - 14h14
Masoch e seus discípulos
Luiz Bosco Sardinha Machado
 

A coisa é tão fantasiosa, inverossímil e absurda, quanto a idéia de um terceiro mandato.

A América do Sul, nos mesmos moldes de grande parte da África, tem uma sociológica vocação e atração para regimes ditatoriais de governo, que não encontram uma explicação plausível e lógica.

Parece ser até uma sina, com sintomas de puro masoquismo. Nos longos anos em que os países sul-americanos libertaram-se de seus descobridores e conquistadores, o regime totalitário de governo foi quase sempre a regra.

Achamos que salvo Venezuela e Colômbia, todos os demais países experimentaram o gostinho de se ver sob as botas de um tiranete de plantão, nem sempre um militar.

Da Patagônia à linha do Equador, a regra sempre foi a do regime de exceção. A exceção sempre fez a regra.

Alfredo Stroessner no Paraguai, Juan Domingo Perón na Argentina, Getulio Vargas no Brasil e Augusto Pinochet no Chile, foram exemplos prontos e acabados de ditadores. Populistas e paternalistas, mas implacáveis e até sanguinários com os adversários.

Getulio Vargas, tão cantado em prosa e verso, criador da Petrobras, Companhia Siderúrgica Nacional (Volta Redonda) e Companhia Vale do Rio Doce, defensor dos trabalhadores - criador da CLT - foi também campeão na violação de direitos humanos, como o provam o episódio de Olga Benario, mulher do dirigente comunista Luiz Carlos Prestes, que foi entregue por Vargas a Hitler para ser executada e a criação de campos de concentração, um deles em Taubaté (SP), para onde foram mandados seus inimigos políticos.

Por pressão da comunidade européia, dos Estados Unidos, da própria ONU e por resolução do Mercosul, os regimes ditatoriais foram esboroando-se e os ventos da democracia voltaram a soprar na América.

A tentação totalitária, entretanto, não desapareceu, dando razão à máxima de que o poder seduz e corrompe e teima em ressurgir com outras e novas roupagens.

No Brasil, na época do regime militar, cunhou-se a "democracia relativa", onde podia-se quase tudo, menos votar e ser votado. Já no novo esquema de poder arquitetado, há eleições sim, mas o escolhido é presidente semi-vitalício, reelegendo-se quantas vezes quiser e puder. Inventou-se a "ditadura relativa".

Pelo forte apelo populista e paternalista, que os recém eleitos desfrutam, a "ditadura relativa" tornou-se uma possibilidade cada vez mais absurdamente próxima e palpável.

Na Venezuela, de tradição democrática, o Coronel Chavez deu o ponta-pé inicial, mandando a democracia para o espaço, arrumando para si um ilegítimo terceiro mandato, que vai perpetuando-o no poder.

Na Argentina, numa manobra que pode até ter um cunho legal, cogita-se lançar a candidatura da esposa do presidente Kirchner para suceder-lhe, num continuísmo explícito.

As teorias conspirativas e especulativas estão correndo soltas nas terras tupiniquins, se com o aval do Planalto ou não, é outra história.

A mais interessante e que percorre a net de alto a baixo, diz em suma que, aquela vinheta que aparece no fim da propaganda da Petrobras, dizendo que três é melhor, é sugestão subliminar de um terceiro mandato para Lula.

A coisa é tão fantasiosa, inverossímil e absurda, quanto a idéia de um terceiro mandato.

Mas, tem mais, recentemente surgiu a "notícia", plantada, não se sabe por quem, de que haveria intenção do presidente Lula em convocar uma Assembléia Nacional Constituinte, que iria lhe dar mais seis anos de mandato, consagrando-se de vez a "ditadura relativa".

Como Lula tem ainda três anos e alguma coisa pela frente, qualquer projeção que se faça agora é prematura e descabida e só interessa aos semeadores da quebra institucional, não tanto pela manutenção do poder, mas pelo prazer masoquista de se sentirem mandados e pisados.

Parece que, ou os discípulos de Masoch andam soltos por aí, ou estamos diante de uma tremenda tirada de mau-gosto.


Nota do Editor: Luiz Bosco Sardinha Machado é o responsável pela Coluna do Sardinha (colunadosardinha@gmail.com).

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