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Crônicas
16/09/2007 - 15h21
Baladas inacabadas
Lizoel Costa
 

Já cantei muitas canções em minha vida. Canções que falavam de esperanças, amargas, doces sopros de amor. Já cantei muito. São histórias contadas, arrastadas pelo vento, e quando as canções começam a morder-me, atrelo-me a elas, saio à rua a passear e deixo-as ladrar ao tédio público. Depois lhes ponho asas e deixo-as voar como pássaros em busca de primaveras imprevisíveis.
 
Mas são só canções. Canções são como sonhos que se vão. Lembro-me de muitas, lembro-me de todas. Lembro-me de uma balada inacabada. Na febre de um amor, varei noites caçando palavras, procurando notas daquela balada. Uma balada de amor? De desespero? Não sei...

O amor se foi, a noite, a escuridão, nasceram outros dias, outros tempos, vivi, sobrevivi e o que restou da balada foi ficando aos pedaços, como sussurros ao vento, aos segredos descobertos da minha vida de eterno apaixonado.

Vou vivendo outras cores. O sonho, esse discípulo da noite dissipada, inspira-me à peregrinação. Agora não professo, nem sussurro ao vento, os segredos que reinvento. Remo na transumância dos dias. Já não vivo de procurar razões para compor baladas e nem canto mais como em outros tempos de paixões inconcebíveis.

Agora não tenho fronteiras, mas quando o exílio da memória me retém o espelho dos dias, ao sentido original das coisas, eu regresso, porque é necessário ser contemporâneo do tempo e, neste regresso, tento recuperar outras baladas, algumas inacabadas, que ficaram ao longo da minha persistência de criador alucinado. Dedilho meu instrumento com as mãos que já foram mais tenazes. No entanto a serenidade é meu alimento e a obsessão ficou ao largo dos anos.

Cantar é como dizer palavras telegrafadas e recebidas de coração em coração. Eu ainda acredito no canto varrendo perdições, lavando almas, traindo emoções de quem canta e ouve. Mas vivo até de nunca mais esquecer, das baladas, minhas baladas inacabadas.


Nota do Editor: Lizoel Costa é jornalista, compositor e participou da primeira formação da Banda Paulistana Língua de Trapo.

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