Na puberdade e adolescência, os jovens começam a questionar os conceitos, padrões e idéias que seus pais lhes mostraram durante toda a infância. Essa indagação é recheada de atitudes inesperadas, sentimentos contraditórios, agressividade e, todo tipo de exagero que os novos comportamentos são capazes de desencadear. Não é simples para os pais terem filhos lhes desafiando dia e noite, respondendo não a todas as todas as perguntas, contrariando quase todas as idéias por simples exercício psicoemocional e intelectual, sem muito respaldo ou convicção. Nesse momento, as células de convívio são uma prioridade para os jovens e a escolha de com qual grupo ele irá se relacionar depende e passa pela identificação entre seus integrantes, mais que pela ideologia do grupo. Estar com os amigos é muito importante, independente do que se faça ou se queira, sabendo que essa convivência reedita comportamentos observados durante toda vida até ali. Posturas, palavreados, modos, comportamentos, conceitos, valores, são trocados e demonstrados muito para realinhar o crescimento do indivíduo. Neste ponto surge, com forca devastadora, o LÍDER. Amado e copiado, o líder ocupa o lugar do que falta nas formações, com poucas influências e cuidados. É sabido que os pais já não dispõem do tempo que gostariam para estar com seus filhos. Pais e mães passaram a compor a renda da família e o período de trabalho aumentou muito nestes últimos anos. Com os pais mais ausentes, a TV, a escola, os amigos, a internet, são as grandes companhias dos jovens e crianças. Sem condições de avaliar tanto o conteúdo como qualidades das informações contidas nesses veículos esses indivíduos estão expostos a toda sorte de absurdos e influências. É interessante como os pais insistem em minimizar o efeito que os meios de comunicação têm sobre as cabeças de seus filhos como se alguém tivesse condições de distribuir somente programas com conteúdos revisados e oportunos para as mais diferentes idades. Os pais não têm como acompanhar os seus filhos o tempo todo, de saber o que estão fazendo ou assistindo, mas é necessário que se tome muito cuidado. Existem programas apropriados para rastrear a vida virtual das crianças e jovens, tempos reduzidos de exposição a TV são sempre bem-vindos, saber com quem os filhos andam e o que fazem no tempo livre é absolutamente necessário. Invasão de privacidade? Não. Cuidado. Os jovens, como dissemos, tem condições de avaliar somente parte da influência a que estão expostos e isto os torna uma presa fácil de ser conduzida. A educação é norteada pelos padrões, crenças, conceitos, hábitos, local de moradia, condições sociais e tantos outros aspectos que somados transformam cada família em um mundo muito particular. Para os pequenos os pais ainda são mais atenciosos, pois estão certos que são ingênuos e indefesos. No entanto, basta que entrem na puberdade e os pais respiram aliviados que seus filhos “já sabem” se virar e escolher o que é melhor. Não sabem. Os pais precisam dessa constatação para poderem sossegar. Mas, ainda é cedo para os pais descansarem. Os jovens precisam de muita conversa, de muito cuidado e orientação para que no futuro bem próximo se tornem adultos saudáveis. Nota do Editor: Silvana Martani, autora e organizadora do Livro Uma Viagem pela Puberdade e Adolescência, a psicóloga é formada pelo Instituto Unificado Paulista / Faculdade Objetivo 1978 – 1982. Atua na Clínica de Endocrinologia do Hospital Real Beneficência Portuguesa desde 1984. Ministra palestras aos pacientes obesos, com distúrbios glandulares e diabetes desde 1989, além de oferecer aulas aos residentes da Clínica de Endocrinologia do Hospital Beneficência Portuguesa.
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