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SEÇÃO
Crônicas
18/09/2007 - 17h02
A bisavó traficante
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

A Mula Manca (MM) tomou conhecimento de uma história incrível. Como nessas poucas e mal-traçadas linhas não posso contar tudo - aguardem, vou apurar direitinho, já conversei com a senhora em questão, ela topa dar o depoimento, desde que preservada sua identidade - aguardem no meu site e vejamos as linhas principais.

Vamos chamá-la dona Verônica. Ela tem 69 anos, três filhos - eram quatro, um morreu num tiroteio, netos e bisnetos (pergunto quantos, tudo depois, não se preocupem). É mulata clara, "escurinha" como a família do marido italiano a classificava, de nariz torcido. Dona-de-casa, mulher de operário, descobriu que ele tinha outra. Avisou a sogra que iria deixá-lo para não matá-lo. Saiu com uma mão na frente, outra atrás puxando a escadinha de quatro crianças de cinco a 12 anos.

Foi empregada doméstica "não deu certo, não tinha saco", teve empregos simples, com carteira assinada. Foi sustentando os filhos, dando uma força para os netos e a idade de emprego fixo chegou ao fim, sem a correspondente aposentadoria, tinha começado a trabalhar tarde. Mulher prendada, presta até hoje serviços a produtoras de cinema e comerciais. Uma amiga mais boba, de quem ouvi a história, caiu na tolice de perguntar se ela faria um frila na casa dela. "Só trabalho para cinema, madame não", disparou dona Verônica.

Como mercado de frilas é incerto, como qualquer jornalista sabe, com a família crescendo com a chegada das novas gerações, começou a fazer um extra passando fumo, mora na periferia, perto das bocas. Só vende maconha, "cocaína faz muito mal, ninguém merece, e a barra é muito pesada", avalia. Tem medo, como qualquer ser humano, mas a necessidade fala mais alto, ela continua. Marido, novo casamento, namoro, qualquer senhor que a ajude, nem pensar: "Homem é a coisa mais filha da puta que existe no mundo".


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro "Os florais perversos de Madame de Sade" (Editora Rocco).

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