A Varig mora no meu coração. Morou mais, até eu trabalhar na empresa. Fui um dos criadores da revista de bordo Ícaro. Trabalhei lá um ano, me enojei e pedi o boné. Se havia uma grande admiração pela "varig aérea", isto é pela capacidade técnica da empresa, pela competência de pilotos, mecânicos e todos aqueles que tinham relação com a atividade fim, voar, restou um profundo desprezo pelos que ficavam atrás das escrivaninhas. O que uns construíam os outros destruíam. Como sempre tive opiniões fortes, na época costumava comentar com meus amigos que a empresa, nos moldes configurados, não sobreviveria à concorrência. Ninguém me levava à sério. Nunca entendi como não eram notados os seis automóveis Mercedez Benz de um dos diretores. Agora leio nos jornais que o presidente Lula mandou fazer um plano para salvar a Varig. Está certo. Ela é um patrimônio nacional e deve receber atenção especial. Entretanto uma pergunta deve ser feita. Qual Varig vai ser salva? Aquela da qual eu me orgulhava ou a dos pilotos de escrivaninha? A segunda não merece ajuda. Logo precisará ser salva novamente, Mercedes são caros...
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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