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Opinião
25/09/2007 - 15h02
A pedagogia da esquerda aloprada
Maria Lucia Victor Barbosa - Parlata
 

O artigo do jornalista Ali Kamel, publicado no O Globo de 18/9 e reproduzido no O Estado de S. Paulo de 20/9, mostra algo gravíssimo que poucos percebem: a lavagem cerebral que está sendo feita nas escolas públicas. A continuar desse modo o futuro do país é um cenário de desesperança.

Em seu artigo Kamel comenta o livro didático "Nova História Crítica, 8ª série", que foi distribuído pelo MEC a 750 mil alunos da rede pública e, pelos trechos citados vê-se claramente que o tal livro é um compêndio de doutrinação esquerdista composto em estilo grotesco, eivado com aberrações históricas e que faz prevalecer a exaltação de um marxismo requentado.

O livro ensina que o paraíso fica em Cuba. Que Mao Tse-tung foi um herói, um sábio que escreveu livros sobre variados temas, "um grande estadista" e, melhor ainda, um galã que deve ter inaugurado a era do "ficar", pois "amou várias mulheres e foi por elas correspondido". Só para os chineses anticomunistas ele "não passou de um ditador". Já a propriedade é um mal em si e "terras, minas e empresas" devem pertencer "à coletividade".

Vale a pena transcrever aqui as palavras com as quais Kamel encerra seu artigo:

"De que forma nossas crianças poderão saber que Mao foi um assassino frio de multidões? Que a revolução cultural foi uma das maiores insanidades que o mundo presenciou, levando à morte de milhões? Que Cuba é responsável pelos seus fracassos e que o paredão levou à morte, em julgamentos sumários, não torturadores, mas milhares de oponentes do novo regime? E que a URSS não desabou por sentimentos de inveja, mas porque o socialismo real, uma ditadura que esmaga o indivíduo, provou-se não um sonho, mas um pesadelo?"

No mesmo jornal e dia o editorial, "O MEC acorda tarde", também cita a coleção "Nova História Critica" de autoria de Mário Schmidt, aprovada com ressalvas pelo Programa Nacional do Livro Didático em 2000. A coleção é classificada pelo editorial como "lixo ideológico que submete estudantes a lavagem cerebral", e não é difícil concordar com essa opinião ao ver alguns exemplos do que seriam para o historiador Schmidt certos acontecimentos e personagens de nossa história:

Proclamação da Independência: "um anúncio de desodorante, com aqueles sujeitos levantando a espada para mostrar o sovaco".

D. Pedro II: um "velho esclerosado e babão".

Princesa Isabel: "feia como a peste e estúpida como leguminosa".

Conde d’Eu: "gigolô imperial".

Vale ainda citar o toque racista do pasquim histórico: "Quem acredita que a escravidão negra acabou por causa da bondade de uma princesa branquinha, não vai achar também que a situação dos oprimidos de hoje só vai melhorar quando aparecer algum princezinho (este é o termo usado e não principezinho) salvador".

Portanto, com imbecilidades e má fé vai-se doutrinando os "perfeitos idiotas" de amanhã, o que me leva a repetir que não basta ao governo construir escolas e gabar-se do número de alunos matriculados, com cotas ou não, mas é necessário que o país parta para uma educação de qualidade que possibilite a criança e ao jovem os conhecimentos necessários para enfrentar depois o mundo competitivo em que vivemos. É preciso resgatar a competência, a excelência, o respeito, os valores perdidos, a noção de certo e de errado, o sentimento pátrio, além dos embasamentos teóricos bem como os fundamentos e o aprendizado prático que tornarão o menino de hoje o cidadão do futuro apto a realizar-se profissionalmente.

A continuar com o faz-de-conta do nosso ensino, com o besteirol ideológico estaremos sacrificando várias gerações e não passaremos nunca de um país de segunda classe, de uma republiqueta latino-americana comandada por populistas gananciosos que se transvestem de defensores dos fracos e oprimidos para poder usufruir, tantas vezes de forma fraudulenta, as delícias do poder.

O problema da educação, porém, é complexo, porque não basta ensinar rudimentos de disciplinas, mas compete a escola colaborar para o aprimoramento do caráter da criança. Contudo, a primeira formação começa no meio familiar e hoje pais e filhos estão cada vez mais distantes por conta de fatores que podem ser apresentados em outro artigo.

E quando pais omissos desconhecem o que as escolas fazem com a mente dos seus filhos, não há muito que esperar das próprias escolas. Aliás, pais andam desconhecendo o que fazem seus filhos e cito como exemplo fato presenciado: adolescentes de classe média sentam-se na calçada em frente ao prédio onde moram e, tranqüilamente, consomem drogas. Seus pais provavelmente não sabem que pagam CPMF e diante da bandalheira política, exclamam: "se eu estivesse lá faria o mesmo".

De todo modo, não vai ser com a pedagogia da esquerda aloprada que iremos progredir e nos afirmar no cenário mundial. Atenção, senhores pais, é preciso reagir, se é que ainda dá tempo.


Nota do Editor: Maria Lúcia Victor Barbosa é graduada em Sociologia e Política e Administração Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Ciência Política pela UnB. É professora da Universidade Estadual de Londrina/PR. Articulista de vários jornais e sites brasileiros. É membro da Academia de Ciências, Artes e Letras de Londrina e premiada na área acadêmica com trabalhos como "Breve Ensaio sobre o Poder" e "A Favor de Nicolau Maquiavel Florentino". Criadora do Departamento de Desenvolvimento Social em sua passagem pela Companhia de Habitação de Londrina. É autora de obras como "O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto: A Ética da Malandragem" e "América Latina: Em Busca do Paraíso Perdido".

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