Ter os dentes na posição correta e com mordida perfeita, o que chamamos de boa oclusão dental, é sinal de saúde. Mas, infelizmente, muitas pessoas não se encontram no padrão ideal. Problemas de oclusão podem provocar dores de cabeça, prejudicar a respiração durante a prática de esportes e o sono, por exemplo, acarretar mordidas cruzadas que interferem na mastigação, na deglutição e, conseqüentemente, na digestão e, ainda, causar interferências na fala. Além destas questões patológicas, a oclusão inadequada também interfere na estética, não raramente associada às alterações da face. Na maioria das vezes, seus portadores apresentam alterações maxilares representadas por características faciais desproporcionais, como o prognatismo (queixo para frente), retrognatismo (queixo para trás) e excesso vertical maxilar (sorriso gengival). Quando se fala em estética, o mote é mais amplo do que se imagina, já que ela afeta a auto-estima e chega a patamares psicológicos quase que irreversíveis. Há pacientes que por anos evitaram convívio social simplesmente por não se sentirem à vontade com o seu rosto, chegando até mesmo a apresentar dificuldade nos estudos e no trabalho. Outros se limitaram a viver restritos ao núcleo familiar por temerem a não-aceitação afetiva e social. Não há limite para as histórias relatadas pelos pacientes. Mas a má oclusão dental pode ser corrigida. E é isso que as pessoas devem saber. Existem diferentes técnicas que levam a resultados satisfatórios, que vão desde o tratamento ortodôntico (uso de aparelhos móveis ou fixos) até cirurgias de correção, chamadas de ortognática. A cirurgia ortognática nada mais é do que a cirurgia que reposiciona os maxilares em sua posição ideal. Trata-se de uma técnica totalmente individualizada que corrige simultaneamente a oclusão (mordida), a função das articulações têmporo-mandibulares (articulação mandibular) e a respiração, além da estética do sorriso associada à estética da face. A cirurgia ortognática já é praticada no Brasil há quase cinco décadas e seus avanços são relevantes. Nada restou dos tempos em que o paciente tinha que ficar com os dentes amarrados por fios de metal e tomando apenas líquidos durante 30 dias. Hoje, o paciente entra no hospital e no dia seguinte já tem alta, com a boca livre para ingerir alimentos pastosos a partir de então. Em duas semanas seu apetite já pode ser saciado com comidas mais densas, como carnes macias, massas, arroz e feijão. O efeito estético da cirurgia ortognática é arrasador. Imediatamente a pessoa se vê livre dos defeitos de formação de sua arcada dentária que interferiam na imagem do seu rosto. Uma correção que aos poucos também é percebida na qualidade de vida: melhores mastigação, deglutição e comunicação, entre outras mudanças. O cirurgião-dentista Octavio Cintra, especialista em cirurgia ortognática, revela que "cada vez mais as pessoas buscam pelo tratamento ortognático e ficam felizes com os resultados, tanto do ponto de vista funcional como estético". Mas ele alerta: "Embora modifique e corrija a aparência facial, ela não é uma cirurgia plástica e deve ser feita apenas por quem tem recomendação clínica para se submeter a esse tipo de tratamento. Antes da etapa cirúrgica há o tratamento ortodôntico, que nesses casos prepara o paciente para ser operado. A cirurgia ortognática é um recurso que deve ser empregado a partir de uma decisão conjunta entre o paciente, o ortodontista e o cirurgião bucomaxilofacial, mas jamais como uma decisão em busca da beleza, isoladamente. Isso seria uma banalização e não é recomendado cientificamente", afirma o cirurgião.
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