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Crônicas
12/10/2007 - 11h10
Lenda de um berço torto
Saulo Pyerre Oak
 

A cada filho que nasce, nasce também uma esperança. Parabéns Juazeiro por esta crença! Por não esquecer que somos seus filhos, apesar das injustiças, das forças ocultas, do medo e da própria falta de esperança, continua claramente forte, e brilhando no espelho de seu companheiro Rio São Francisco! E então canta, levanta-se a cada amanhecer linda e disposta a enfrentar todos os desafios. Não ignora quem está à frente do comando, trabalha arduamente, humildemente, aceita a luta, esforça-se pra ser melhor a cada dia. É sua sina, ser sempre assim, calma, sorridente, como se os anos não pesassem, como se o tempo não passasse, continua correndo nas ruas, nas praças, às margens do rio, como criança travessa. Ah, Juazeiro, você entende o que é felicidade, porque vive com simplicidade.

Mesmo que no comando estejam homens de pedras, sem alma, loucos e arrogantes, são seus filhos, e sei que seu amor é infinito. Mesmo que tentem modificar seu sonho, metendo medo em sua história, criando falsas idéias, e atormentando suas páginas de lutas gloriosas, não se incomoda e nem pensa em mágoas, entende que é o progresso chegando para lhe modernizar, mas eles não pensam que neste berço o velho sempre é novo, e os cartões-postais nunca morrem, mas sim, renovam-se, e Juazeiro, você consegue ser maior que qualquer obra, pois sua verdadeira criação está em seu berço: são seus filhos inspiradores e inspirados, nascidos aqui ou embalados por você, são seus filhos que a fazem grande, e grandes são seus filhos por ter você como mãe.

Ah, Juazeiro, mas que maldade, não entendem sua simplicidade como chave de glória; não a respeitam e nem respeitam sua história, e até o que criam no seu chão, infelizmente nos dias de hoje não é preservado. Seriam suas ruas, praças, parques e jardins confortáveis, criativos e até vivos, se seus habitantes, visitantes, moradores do local, crianças, jovens e adultos, entendessem que ali está sua alma, também em cada banco de praça, em cada brinquedo: balanço, gangorra, escorrega, em cada cesto de lixo, fonte luminosa, quadra de esportes, em todo e qualquer patrimônio. Se seus filhos entendessem, começariam a preservar, a cuidar de sua beleza e seus atrativos, sendo seus zeladores, vigilantes e amantes de sua própria casa. Isso é possível, Juazeiro, não é sonho, ainda acreditamos, vamos continuar acreditando, mesmo ao passar dos anos.

Mas não somente nós, usuários, povo, moradores, é preciso que seus representantes entendam seu clamor: "pão & fantasia" para aqueles que estão com o estômago vazio e a cabeça sem sonho. É preciso Juazeiro insuflar nas mentes e corações desse povo, arte o tempo inteiro. Não apenas em datas que lembrem sua história, é preciso vivenciar esta história a cada dia, e pra isso você pode contar com aqueles seus filhos mencionados como inspiradores e inspirados, estes resistem ao tempo e aos governos, são almas agonizantes dentro do seu próprio retrato. Hoje são museus emoldurados, ansiosos para saírem do empalhamento, ganharem vida, e num sopro sobre a cidade, cada artista espalhar a arte do seu talento.

Não peço muito Juazeiro, porque sei que você já me deu tudo. Agradeço por seu gesto simples, mudo, e tão vivo dentro de mim. Sei que por vezes você fica triste, amamentou todos, mas poucos entenderam o sabor de seu alimento. Hoje os que a representam, na arte, na política, na sociedade, vira e volta, continuam os mesmos. São os que prometem, ignoram, tiram de você até a própria memória. São os que corrompem investimentos, fazem propaganda, posam de artistas, poetas e loucos. São retóricas avessas que roubam do povo. São homens de pedra edificando brios e metal. São homens de cera alçando vôos inúteis, com o único intuito de fazer o mal, mas estes últimos caem, por não atingirem o céu. Torres de nossa catedral ostentam por dentro inúmeros ateus, eles não entendem o sermão, assim como não entendem sua história, Juazeiro, e por isso, continuam rezando, poetizando e cantando em vão...

Parabéns cidade bendita! Parabéns! E que nossa história, apesar de crucial, saia do cartão-postal.


Nota do Editor: Saulo Pierre Oak é o nome artístico de Paulo Carvalho, escritor, poeta, jornalista, funcionário público e um apaixonado filho de Juazeiro.

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