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Crônicas
18/10/2007 - 12h02
Sinto saudade
Rafael Coelho
 

Sempre que passo por aquela rua lembro-me dos anos que ali vivi. Foram brigas, risadas, choro, decepções, orgulho e muitas histórias. Mas não é só da rua que sinto saudade... Do morro, da pescaria, da "tia", da rádio, do lago, do pique-esconde, do colégio, da empregada, do futebol, da avó, da rua de chão, das coleções, dos amigos, de casa e do minuto que acabou de passar. Sinto saudade de olhar para o céu, de ver a lua e sentir o abraço.

Esta saudade não é relativa somente ao tempo e à distância. Mas a falta, a vontade de estar junto, de reviver, de poder voltar atrás. Do lago, lembro-me da correria que era quando o dono, totalmente embriagado, corria atrás da gente gritando pelos seus peixes. Da escola, era engraçado (pra mim) como deixava os professores atordoados (trágico para eles!), com vontade de desistirem da carreira. Até das broncas e do jeito grosso de falar da minha avó, eu sinto saudade. Tenho saudade de andar de bicicleta e de apostar corrida com os amigos. De passar as noites jogando conversa fora e também de ficar o dia inteiro vendo televisão. Sinto saudade do armário arrumado, das coisas organizadas e do sorriso da professora de sociologia.

Às vezes eu sinto saudade de sentir saudade. São momentos em que não tenho tempo nem para lembrar de alguém que não vejo. E nessa hora sinto saudade do tempo em que eu tinha tempo! Sinto saudade do meu caderno de desenho e do lápis de cor, onde ficava horas soltando a imaginação no papel. E corria para mostrar para todo mundo. E daqueles sorrisos e elogios, eu também sinto saudade. Não que hoje ninguém me elogie ou sorria para mim. Mas é que naquela época, eu não lembro de haver tanta falsidade. Falar nisso, agora me deu saudade da minha sinceridade. Hoje em dia sou menos sincero. Às vezes não digo o que penso e o pior: falo o que não quero.

Sinto saudades das brincadeiras... Por isso fico perdido no "mundo da seriedade"! Junto com o terno, a piada. Por trás do homem, a criança. Quando menino, era maduro. Como adulto, sou infantil. Contraditório e engraçado! Quanta saudade... Há dias que ao sair de casa sinto saudade. Que depois de um beijo e um adeus da namorada, o coração se parte e a vontade do outro dia chegar é imensa. Tenho saudades de conversar com Deus, hoje nosso diálogo é curto. Na verdade, há muito tempo não bato um longo papo com alguém. Frases curtas, rápidas, que apenas resumem as milhares de coisas que tenho para dizer. Tenho saudades do lápis que eu escrevia... Digito essas palavras em um teclado, de frente para o computador. Sinto saudade do barulho da água e dos pés no chão. E agora, senti saudade da criatividade, pois não encontro palavras para terminar este texto. Por mais que eu escreva, todas as palavras irão dizer somente aquilo que eu sinto: saudade.


Nota do Editor: Rafael Coelho é Acadêmico de Jornalismo pela Universidade Candido Mendes - Niterói, assessor de imprensa da Tverde, canal 10 à cabo em Guapimirim-RJ, autor do blog www.palavriando.blog-se.com.br, apresentador do programa "Sintonia 105", na Rádio Comunitária JG FM 105,9, colaborador do Jornal O Estado RJ e estagiário de comunicação em uma empresa líder no ramo de papel e celulose.

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