A princípio, sintomas como dor de cabeça costumam ser sanados com analgésicos. Com o passar do tempo, pacientes com deformidades crânio-faciais desenvolvem problemas funcionais, que passam a afetar a mastigação, a fonação, a respiração e até a digestão. Assim foi com a bancária Vanessa dos Santos, 28 anos. "O problema foi diagnosticado na infância, mas apenas na fase adulta reconheci a necessidade de buscar tratamento. Além do aspecto estético, desenvolvi sintomas que se tornaram insustentáveis", destaca.

Para a jovem, a cirurgia ortognática foi o caminho. "Trata-se de uma subespecialidade da cirurgia bucomaxilofacial, que tem por objetivo buscar o perfeito funcionamento da região maxilofacial e a harmonia estética", descreve o cirurgião Rogério Almeida, do Hospital Dr. JK, em Brasília. Pouco conhecido, o procedimento é, geralmente, recomendado pelo dentista e executado pelo cirurgião especializado.

Um dos exemplos mais evidentes de deformidade na face é a mandíbula com crescimento exagerado (prognatismo) ou diminuído (micrognatismo). Existem ainda outras distorções, entre elas deficiências maxilares, assimetria facial e, nos casos mais extremos, a perda da capacidade de movimentação ortodôntica. "Não bastasse o incômodo gerado, tais alterações costumam acarretar outras patologias, como ronco noturno e apnéia do sono, comprometendo assim a qualidade de vida", explica Dr. Rogério.

No caso da bancária Vanessa, o tratamento cirúrgico foi precedido pelo uso de aparelho ortodôntico por dois anos, que se seguiu após a operação. Em muitos casos, além do acompanhamento odontológico, o paciente necessita de apoio fisioterápico e fonoaudiológico. "O melhor resultado é obtido com a atuação de uma equipe multidisciplinar", conta o cirurgião. Há ainda pacientes que demandam suporte psicológico, especialmente os que sofrem grande mudança física. "A transformação da face, mesmo que para melhor, gera impacto. Quando bem assistido, o paciente potencializa a auto-estima", complementa Dr. Rogério.

De acordo com Drª Lenise Carvalho Lima, da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial, um a cada doze pacientes tem indicação para cirurgia ortognática. "A conscientização da população e a parceria entre cirurgiões e dentistas têm sido fundamental para a resolução dos casos, que na maior parte das vezes causam sofrimento prolongado aos pacientes", finaliza Drª Lenise.