Técnicas e equipamentos modernos auxiliam médicos e dentistas em cirurgias e tratamentos menos agressivos, facilitando a reabilitação do paciente e melhorando os resultados obtidos
Recuperação mais rápida, pouco sangramento, menos dor no pós-operatório e cicatrizes minúsculas ou inexistentes são alguns dos benefícios proporcionados pelas cirurgias minimamente invasivas que a cada dia ganham mais a preferência de médicos e pacientes. Os avanços tecnológicos trouxeram aos segmentos da ortopedia, da odontologia e da oftalmologia diversas opções de procedimentos cirúrgicos de menor risco, que permitem sanar o problema do paciente e, ao mesmo tempo, devolvê-lo rápido ao mercado de trabalho. Na área da implantodontia, os recursos tecnológicos têm facilitado as reabilitações com implantes ósseo-integrados. Esta tecnologia incorpora dados a partir de arquivos digitais da tomografia computadorizada (TC) e possibilita o planejamento do posicionamento dos implantes e a construção de guias que vão orientar a sua colocação nos locais selecionados, virtualmente e tridimensionalmente. Tudo isso levando em consideração as restrições anatômicas e os planejamentos estético e protético. Este conceito evoluiu e hoje vem sendo utilizado em cirurgias sem retalho - uma abordagem menos invasiva, na qual o guia cirúrgico fica apoiado no tecido gengival. A cirurgia planejada desta maneira proporciona grande precisão e previsibilidade no tratamento, permitindo a confecção prévia de próteses provisórias que serão instaladas no momento da fixação dos implantes. "As cirurgias sem retalho e planejadas virtualmente são consideradas o padrão ouro da cirurgia moderna. Um procedimento de intervenção mais segura e previsível", explica o dentista Irfêo Saraiva de Camargo. As vantagens destes procedimentos na implantodontia estão relacionadas à diminuição dos sintomas pós-operatórios, como dor, edema e inflamação, ao menor tempo cirúrgico e à reduzida quantidade de anestésicos e medicamentos utilizados. Oftalmologia Pela importância que desempenham na vida das pessoas, os olhos têm se beneficiado de diversas pesquisas que tornaram as intervenções cirúrgicas mais rápidas e seguras. Na cirurgia de catarata, por exemplo, são utilizadas lentes dobráveis, incisões tão pequenas que dispensam a sutura para fechar o corte. No caso do ceratocone (doença na qual a córnea obtém um formato cônico), o tratamento clássico sempre foi o transplante da membrana. Novas tecnologias, como o cross linking de colágeno, associado à aplicação de luz ultravioleta, ao lado do uso da Ceratoplastia Condutiva e do implante do anel intraestomal, têm permitido a milhares de pacientes a recuperação da visão sem que seja necessário recorrer à cirurgia. Ricardo Guimarães, oftalmologista e diretor do Hospital de Olhos Ricardo Guimarães ressalta, porém, que o sucesso destas novas modalidades de tratamento exige diagnóstico e intervenção precoces. O glaucoma é outra doença que ganhou um aliado tecnológico de peso. Diante do alto custo dos colírios e da dificuldade em se manter o uso de medicamentos com prescrição médica, o Tratamento Seletivo a Laser (SLT) - também chamado de Trabeculoplastia Seletiva - aumentou sua aceitação. Ele representa uma chance de diminuir os índices de cegueira provocada pelo aumento da pressão, maior causa da doença. Atualmente, este problema atinge mais de 60 milhões de pessoas no mundo, sendo a maior causa da perda irreversível da visão. O SLT trata-se de um procedimento que realiza a limpeza do trabeculado - canal por onde é escoado o líquido interno do olho - amenizando a pressão intra-ocular. Até então, cirurgias ou procedimentos a laser eram adotados somente nos casos tardios, cujo tratamento clínico não surtia efeito. O SLT, entretanto, permite reduzir os riscos de perda da visão numa intervenção considerada rápida e segura, sendo hoje o tratamento mais utilizado na Europa. Ortopedia A ortopedia é outra área da saúde que também tem se beneficiado com os avanços dos procedimentos minimamente invasivos. No Hospital Ortopédico, por exemplo, os tratamentos de coluna ganharam um novo aliado e já podem ser feitos por meio de cirurgias nas quais as interferências são feitas por meio de microscópio ou vídeo assistidas. Segundo Marcelo Menezes, médico do grupo de cirurgia de coluna do Hospital, o tratamento é o que há de mais novo na medicina para a realização de microdiscectomias (cirurgia para hérnia de disco) e fusões lombares. "É um procedimento simples e indicado para tratar instabilidades lombares causadas por artrose das articulações vertebrais, com ou sem hérnia de disco associada. As cirurgias são realizadas por duas pequenas incisões de dois centímetros", explica. Além dessas patologias, a técnica também é indicada para casos mais complexos, como deslizamento entre vértebras e aqueles que exigem a implantação de parafusos e enxertos ósseos. Menezes explica que as interferências apresentam uma série de vantagens ao paciente, entre elas, menor lesão dos tecidos e diminuição no tempo de hospitalização, além de dispensar a necessidade de transfusões sanguíneas e proporcionar uma recuperação mais rápida. "As cirurgias convencionais, normalmente realizadas com até 15 centímetros de incisão, podem ser agressivas e causar problemas nos músculos que envolvem e sustentam as vértebras da coluna. Com esse processo menos invasivo, os nervos são protegidos e os riscos são menores", salienta Menezes, enfatizando que esses procedimentos hoje atendem a 95% dos casos de problemas de coluna em que há indicação cirúrgica.
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