Quando crianças queremos chegar logo à adolescência para sair sozinhos com os amigos. Quando somos adolescentes, sonhamos com a maioridade para tirar carteira de motorista, sair de carro pelas ruas da cidade e acreditar que somos independentes e estamos prontos para enfrentar tudo o que a vida nos impuser. Porém, quando realmente atingimos a fase adulta, nossa mente tenta regredir e muitas vezes implora incessantemente que exista uma máquina do tempo que nos leve para aquele período onde ter prova na escola ou não ter um namorado(a) eram os piores problemas enfrentados pela humanidade.

Ser jovem é interessante, pois ao mesmo tempo em que queremos desbravar o mundo e achamos que podemos mudar o nosso país, nos deparamos desesperados pelo simples fato de não sabermos se será possível alcançar tudo aquilo que queremos. Aos 15 anos achamos que com 20 já teremos o emprego perfeito, o companheiro(a) de uma vida inteira, estaremos morando sozinhos e curtindo cada dia como se fosse o último. Quando chegamos concretamente nessa idade, percebemos que aqueles pensamentos eram utópicos, pois não é possível ter tudo isso com tão pouca idade. As cobranças crescem ao longo dos dias, das horas, dos minutos.

Nos formamos na faculdade e achamos que com um diploma nas mãos seremos facilmente aceitos pelas maiores empresas na sua área de estudo. Então, caímos na realidade e percebemos que um pedaço de papel retangular não representa tanto como imaginávamos. Procuram-se novos conhecimentos, pós-graduação, inglês, espanhol, cursos de extensão. Mas, parece que nada é suficiente para satisfazer o mercado já tão saturado. Não desistimos, mesmo com uma vontade imensa de não levantar da cama até que alguém possa dizer que o futuro está garantido e seremos felizes como sempre sonhamos. O emprego é enfim conquistado e quando achamos que tudo está resolvido, pois no fim do mês teremos um salário para pagar as contas e gastar com passeios, novos conhecimentos e ainda uma experiência para colocar no currículo, caímos novamente na realidade de mais um capítulo da história dos adultos. Aborrecimentos, intransigência, horas-extras, quase extermínio da vida social e outros empecilhos farão parte do dia-a-dia, mas, provavelmente, apesar de estressados, conseguiremos enxergar o lado bom da coisa, principalmente quando chega o fim de semana e podemos descansar de tudo que foi vivido durante os últimos cinco dias.

Com a primeira etapa aparentemente realizada, desejamos então alguém para compartilhar nossas angústias e completar nossa vida. Não queremos mais ter todos e no fim ficarmos sozinhos, mas sim aquele alguém especial que estará ao nosso lado na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Uns conseguem, outros demoram anos até encontrarem alguém especial e passam várias noites de sábado em casa de pijamas, assistindo televisão e reclamando de como a vida é injusta. O problema é que quando encontramos a tal pessoa também passaremos alguns sábados assim, após uma briga ocasionada por algum motivo sem sentido.

É então a partir daí que o ser humano começa a perceber que cada fase é marcada por altos e baixos e que se lutamos para realizar um sonho, este quando realizado também fará parte da nossa lista de lamentações. Reclamamos de estudar quando só temos isso para fazer, do nosso chefe, mesmo após anos de busca por um emprego, do nosso amor, mesmo sabendo que jamais teremos uma pessoa tão perfeita ao nosso lado. O ser humano é engraçado, quando não tem nada quer tudo, quando alcança o máximo, diz que quer apenas um lugar tranqüilo para descansar e tirar férias da vida.

Nota do Editor: Lyne Christina Santos é jornalista.