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Crônicas
25/10/2007 - 15h11
O casamento de dona Cacilda
Ruth Barros
 
Contos da Mula Manca

Dona Cacilda é agricultora, ótima cozinheira e vive em uma área de quilombos no Vale do Ribeira, numa localidade chamada Pedro Cubas, lugarejo de 750 almas que não consegui apurar se tem relação de parentesco com o Brás Cubas de Machado de Assis. Ela é da região, ocupada por quilombolas como ela, descendentes de antigos escravos que fugiram para os quilombos e que tiveram direito a posse da terra de seus antepassados outorgada pela Constituição de 1988.

Viveu 35 anos na Paulicéia e quem ficou desvairada foi ela. "Começou a ter muita violência na cidade e resolvi voltar. Se eu soubesse que vida de roça era tão boa assim teria vindo mais cedo, ia ter conseguido mais coisas, teria mais forças para trabalhar", considera. Aos 64 anos, além de ter retomado o contato com suas raízes, dona Cacilda encontrou amor. Na verdade reencontrou, na figura do seu Adão dos Santos, 70 anos, agricultor e quilombola que nem ela, seu primeiro namorado.

Cacilda casou garota, com 17 anos e "penou" como ela mesma conta nas mãos do primeiro marido. Quando voltou ao quilombo natal ele ficou no pacote cidade grande, do qual dona Cacilda não quis mais saber. Recém chegada a Pedro Cubas, despertou as lembranças de seu Adão, que foi se reapresentar ao primeiro amor. Deu tão certo que em dezembro do ano passado, depois de ter sua situação marital resolvida por um mutirão de funcionários do Estado, casou de véu e grinalda com seu Adão na igreja do quilombo. Suas andanças ela não renega, mas acredita que a vida lhe deu uma segunda chance em todos os aspectos: "Vejo tanta gente nova tão desesperada com situações que acham sem solução que quero aproveitar para deixar um conselho - sempre é tempo, tamos vivos, tamos bem".


Nota do Editor: Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra. É autora do livro "Os florais perversos de Madame de Sade" (Editora Rocco).

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