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Opinião
25/10/2007 - 17h37
O governo paulista e o salário perverso
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O imponente estado de São Paulo, dono do maior orçamento entre as 27 unidades da federação, não é o que melhor paga seus professores, responsáveis pela formação das populações, berço da cidadania e alavanca do desenvolvimento dos já formados (via pós-graduação). O levantamento demonstra que os professores paulistas ganham 39% menos que seus colegas do Acre, sendo que a diferença pode chegar a 60% se cotejada com o custo de vida nos dois estados.

O sofrimento e a humilhação dos baixos salários não são só do professor. Policiais, pessoal da Saúde e servidores em geral, recebem salários bastante inferiores aos dos seus colegas de outros estados, cujas arrecadações, são infinitamente menores que a de São Paulo. Ainda mais: o governo paulista que, candidamente, declara oferecer o máximo que o estado tem condições de pagar, está com isso atestando sua plena incapacidade de gerir os recursos públicos arrecadados e, ardilosamente, recorre a abonos e outros artifícios para, cinicamente, descumprir sua obrigação constitucional de pagar salários iguais a ativos e inativos do mesmo posto.

O quadro perverso é resultado da política salarial que achatou deliberadamente os ganhos do outrora bem remunerado funcionário público e lançou à miséria muitos deles que, ao se aposentarem, viram excluídos de seus holerites significativas parcelas daquilo que compunha sua renda. Como consolo, o Estado mau patrão, como um usurário que explora a necessidade financeira de seus servidores, oferece empréstimos através da Caixa Econômica Estadual, seu banco oficial, que detém os contracheques de toda a classe. Mesmo sem risco de insuficiência do recebimento, tal qual a ave de rapina, cobra juros que beiram a agiotagem. E ainda rotula essa operação como se fosse uma dádiva, um grande benefício ao funcionalismo.

Salvo melhor juízo, esse dinheiro que a "Nossa Caixa" empresta aos servidores, é o mesmo que o Estado deveria ter desembolsado para pagar salários dignos e condizentes aos cargos exercidos. Se recebesse salários justos, o funcionalismo não precisaria tomar emprestado. O banco estatal não lucraria com juros, mas o Estado teria feito justiça social àqueles que o servem.

O governante que conseguir enxergar o sucateamento ora imposto ao funcionalismo paulista, e fizer algo para corrigi-lo, deverá passar para a história como benfeitor não só dos funcionários, mas de toda a população. Se, um dia, o professor, o médico, o policial e todos os profissionais que em nome do Estado prestam serviços à população voltarem a ser bem remunerados e profissionalmente reconhecidos, os índices de produtividade com certeza se elevarão. Aí sim valerá a pena também adquirir novas instalações, viaturas, equipamentos e outros insumos que os auxiliem a trabalhar. Só equipamentos pode aparecer bem no discurso de campanha, mas não resolve o problema.

Professor, policial, médico e todos os profissionais precisam conseguir viver e tratar de suas famílias sem a necessidade de fazer "bico" e nem trabalhar em jornadas duplas ou triplas, como fazem hoje para conseguir pagar suas contas.

O governo que souber remunerar adequadamente também poderá exigir dedicação plena e exclusiva, além de serviços de boa qualidade. E, com isso, terá livrado o Estado da apatia de um quadro funcional onde muitos "fazem que trabalham" porque o Estado também "faz que paga".


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e presidente da APOMI (Associação dos Policiais Militares do Estado de São Paulo).

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