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Opinião
31/10/2007 - 20h05
Carteira de estudante
Rodrigo Constantino - Parlata
 

O Brasil é mesmo o país do "jeitinho", das regras que são criadas para não pegar, da mentalidade de que o governo é pai do povo. A carteira de estudante, que concede desconto de até 50% em inúmeros eventos ligados ao lazer, esporte e cultura, é um filhote disso. Com uma boa intenção - incentivar os jovens na busca por cultura, e um péssimo meio - o governo, o resultado acaba sendo apenas mais do mesmo: esquemas vantajosos para os "espertos" e a conta nas costas dos "otários".

Comprei logo no primeiro dia disponível dois ingressos para o show do The Police, que será realizado no Maracanã, aqui no Rio. O mais barato que tinha, no gramado, saía por R$ 190, com mais 20% de acréscimo pela entrega em domicílio pelo www.ingresso.com.br. Como adquiri dois ingressos, gastei a "bagatela" de R$ 456 para poder ir ao show. Em Nova York, no famoso Madison Square Garden, os ingressos mais baratos custam $ 55, ou seja, algo próximo de R$ 100. Em outras palavras: os "ricos" brasileiros acabam tendo que pagar praticamente o dobro do que pagam os "pobres" americanos da Big Apple para ir ao mesmo evento. Blame it on UNE!

Sempre que comento com amigos minha revolta com essa carteira de estudante, invariavelmente um deles pergunta se eu tenho interesse em fazer uma. Não sou mais estudante! Não importa. Parece que é a coisa mais fácil do mundo conseguir uma. Faz sentido. Poder demais - o poder de pagar a metade por muitas coisas - em poucas mãos, de burocratas de sindicatos, do local que pariu vários da raça esquerdista que hoje está no poder. E como todos sabem - ou deveriam saber - nada como esquerda e burocracia, burocracia e corrupção. Tudo isso se retro-alimenta numa simbiose incrível. O único problema é que os artistas, sempre favorecidos pelas gordas verbas estatais - e por isso esquerdistas até a alma, acabam rompendo o elo perfeito, pois sofrem na parte mais sensível do corpo deles, o bolso. Sim, os "altruístas" que pregam o socialismo também são filhos de Deus, e adoram aquilo que somente o capitalismo pode oferecer: demanda dos consumidores e seus dólares. Como uma multidão paga apenas meia-entrada, os artistas são penalizados, e o esquerdismo fica num impasse, com o racha entre diferentes privilegiados. Mas nada que as infindáveis tetas estatais não possam resolver, com mais um pouco de verba pública para filmes que ninguém deseja ver.

Claro que o fato de muitos pagarem metade do preço faz com que o preço cheio seja bem maior do que seria. Os organizadores dos eventos fazem suas contas com base em faturamento total, não na "função social" dos eventos. Para uma legião de malandros, tem que existir sempre a turma dos "otários", que não aceitam participar do esquema e acabam pagando a conta. O governo, evidentemente, não produz riqueza, e todo privilégio que ele garante sai de algum lugar, de algum desfavorecido. Se há entrada "grátis" no ônibus, por exemplo, alguém paga por ela. Não existe almoço grátis, já dizia o bom velhinho de Chicago. No fundo, o governo vai apenas criando privilégios e jogando a conta para os outros, mais dispersos. Ganha votos assim. É o meio político. É podre mesmo, não tem jeito.

E eis que os jovens - e muitos "coroas" também - poderão alimentar bastante sua cultura nesse grande evento cultural: o show de uma banda de rock. Sim, o leitor não achou que o resultado prático desse privilégio fosse o aumento de jovens estudantes nos teatros, achou? Seria ingenuidade demais, esperada somente daqueles que ainda acreditam em Lula. E esses não existem mais. Logo, é óbvio que todos iriam usar a vantagem concedida para pegar um cineminha básico, talvez para ver Harry Porter, muito útil para a formação dos nossos jovens. Ou então para ir ao show do The Police, fazendo com que eu, um dos "otários" que não tem a carteirinha, pagasse o dobro do que os nova-iorquinos pagam. Mas sempre pode ser pior. Os jovens poderiam estar indo assistir filmes como Olga ou Diários de Motocicleta, que fazem propaganda comunista com o nosso dinheiro. De fato, o show do The Police chega a parecer uma peça de Shakespeare em termos culturais se comparado a isso...

O leitor pode então questionar: "Você defende a extinção da carteira de estudante?". Ora, para que pensar tão pequeno?! Sim, eu defendo a extinção deste privilégio indevido, assim como defendo a extinção do próprio Ministério da Cultura e do MEC. O povo não precisa deles, e Gilberto Gil faz um estrago bem menor apenas cantando.


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfólio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.

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