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Opinião
01/11/2007 - 05h31
Laranjas da esquerda revolucionária
Percival Puggina - Parlata
 

Um dos níveis de formação da consciência é o da participação mística. Nele, as individualidades perdem expressão. A vontade, a liberdade e a consciência de cada um se dissolvem no grupo do qual provém a identidade. É o nível em que se situam as massas de manobra dos fanatismos e dos totalitarismos. Quem não compreender isso não entenderá o MST e o papel de laranjas que os militantes do movimento desempenham no jogo da esquerda revolucionária.

Observe-os. Os manipuladores que subjugam o grupo dizem "Vai!" e o grupo vai. Dizem "Invade!" e o grupo invade. Dizem "Sai!" e o grupo sai. Dizem "Toca para Brasília!" e o grupo cai na estrada, sem saber onde fica Brasília, ou por que vai e vem, invade e sai, quebra e destrói.

Note que os verdadeiros sem-terra não têm voz própria. Quem fala por eles são os usurpadores da consciência do grupo: lideranças do movimento, políticos e intelectuais orgânicos, que se valem do MST para fins que guardam com a reforma agrária relação apenas instrumental. Todo mundo sabe o que, de fato, querem. Todos conhecem seus métodos e a ideologia que os inspira. Por isso, as escolas do MST recebem nomes reveladores, sendo Che Guevara e Mao Tse-Tung os padroeiros mais reverenciados. Por isso, a instituição formadora de suas lideranças homenageia o trotskista Florestan Fernandes. Por isso, o principal objetivo desses educandários, que já são quase dois mil e contam 160 mil alunos, é "desenvolver a consciência de classe e a consciência revolucionária". Revolução sem perda da ternura, claro.

De uns tempos para cá, os manipuladores, que transformaram os sem-terra em laranjas do seu projeto revolucionário, se tornaram melífluos, ou seja, falam de modo meloso, brando, adocicado. Dá gosto ouvi-los. São capazes de descrever como piedosa romaria, impulsionada por elevadíssimos ideais, a marcha de três colunas em direção a uma fazenda, com o intuito declarado de ali promover enésima invasão. O ato de fazer em pedaços a ordem judicial que limitou seu deslocamento a uma prudente distância do objetivo é explicado como reação, de um grupo acima de qualquer suspeita, ao estupro jurídico imposto pela violação de seu direito constitucional de ir e vir... Os sistemáticos atos de vandalismo contra propriedades invadidas são sumariamente minimizados como "erros de alguns".

Os revolucionários camuflados se valem da participação mística de seus seguidores para afrontar a democracia e o Estado de Direito, no qual só a lei pode estabelecer critérios de desapropriação. Apenas ela, a lei, jamais magistrados, intelectuais, ou órgãos federais competentes ou incompetentes. Subestimar tais preceitos leva ao descrédito nas instituições e a uma situação hobbesiana - a guerra de todos contra todos. Eles sabem que a invasão de qualquer propriedade ataca inúmeras garantias constitucionais: direito à propriedade, inviolabilidade e segurança dos direitos adquiridos, intimidade da vida privada, o domicílio ("asilo inviolável da pessoa"), os princípios da legalidade e do devido processo, a proibição de associação para fins ilícitos e por aí afora.

Os melífluos cavalheiros sabem tudo isso. Eis por que, assim como os sem-terra põem mulheres e crianças na linha de frente, ocultam-se eles atrás desses infelizes todos, usando-os para algo que jamais fariam pessoalmente.


Nota do Editor: Percival Puggina (www.puggina.org) é arquiteto e da Presidente Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. Conferencista muito solicitado, profere dezenas de palestras por ano em todo o país sobre temas sociais, políticos e religiosos. Escreve semanalmente artigos de opinião para mais de uma centena de jornais do Rio Grande do Sul.

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