10/09/2025  16h49
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
01/11/2007 - 10h19
Quem lê poesia é mais inteligente
Rodrigo Capella
 

O leitor de poesia não é qualquer leitor. Ele é, na grande maioria das vezes, bem mais inteligente e sensitivo do que o leitor de prosa. Ler obras com começo, meio e fim é muito fácil e chega a dar tédio. O difícil e atraente é captar a essência, o dinamismo e o significado dos versos, compostos por diversas sintonias e linguagens.

Tudo isso faz do leitor de poesia um leitor mais exigente e participativo. Não é raro ele ser o primeiro a perguntar e questionar determinada questão que está sendo debatida em um evento literário. Não é raro, também, ele se levantar, ir na frente de todos e ler um pequeno verso que escreveu.

O leitor de poesia é, portanto, um poeta, enrustido ou consciente, mas ele é um poeta. Um ser apaixonado por poesia e flexível aos movimentos contemporâneos. Diferente do leitor de prosa, ele consegue enxergar tendências, captar informações únicas e vivenciar momentos puros.

O leitor de poesia também é um grande escritor. Machado de Assis, Hilda Hilst e o criador de Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, por exemplo, escreveram e publicaram poesia.

Quem lê poesia é um leitor exigente, que entra em contato com o poeta para questionar, dialogar e propor, exercendo a democracia, que está fortemente enraizada no conceito poético. Freqüentemente, passo por experiências desse tipo em eventos literários e debates sobre meu último livro, “Poesia não vende”. Leitores de várias partes do Brasil perguntam e enviam e-mails.

O leitor de poesia é também um leitor sincero e transparente. Aplaude quando gosta de um trabalho, questiona quando se sente atordoado e lamenta quando suas expectativas não foram atingidas. É um leitor que odeia marketing, não gosta das superexposições de livros e foge das obras mais vendidas. Ele quer novidades, quer descobrir novos poetas e quer compartilhar os seus momentos.

Tudo isso faz do leitor de poesia um verdadeiro revolucionário, que não tem medo de sair às ruas, ler boa poesia e promover encontros, a base de vinhos, palavras e sugestões. O leitor de poesia não teme o amanhã, sabe, aliás, que precisa ser parceiro do futuro e, que junto com ele, pode valorizar a poesia.

O leitor de poesia não teme lutar contra a maré, não teme enfrentar o mercado editorial, não teme as conseqüências da valorização da poesia. Aliás, luta por isso a todo instante, a cada dia, como se esse fosse um objetivo de vida, a principal das conquistas. Sabe que enfrenta obstáculos diários, tem consciência de que essa é uma luta sem fim e sem retorno imediato. Mas, sabe também que tudo tem um começo, tudo precisa de poesia.

É graças a esses sentimentos e a esses leitores que a poesia persiste e vive, livre, leve e solta, em busca de patamares mais altos, de representatividade e, principalmente, de público, fiel ou não, adeptos ou não, poetas ou não. O que importa é que a poesia seja lida, como se fazia antigamente nos bares, lares e escolas.


Nota do Editor: Rodrigo Capella (www.rodrigocapella.com.br) é jornalista, escritor e poeta. Seu livro “Transroca, o navio proibido”, vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.