“O conhecimento é algo insubstituível, a única coisa que ninguém tira de nós”. Este conceito é bastante válido para a cultura geral, aquela que aprendemos com a vida e levamos sempre conosco, mas já não pode ser aplicado ao saber profissional, que depende de atualização constante. O futuro reserva um conhecimento sem fronteiras, mas com prazo de validade, que tende a se tornar descartável sem a devida reciclagem. Especialistas afirmam que a renovação do conhecimento profissional compreende um período de 8 a 10 anos, ou seja, toda a bagagem de informação e experiência pode não ser suficiente sem a renovação do aprendizado. A reciclagem tem de ser completa, com novos cursos, faculdades, experiências profissionais e de vida. A não-adaptação a este “esquema” corporativo terá como conseqüência a manutenção apenas do conhecimento geral, que não será garantia de emprego, cada vez menos formal e mais terceirizado. A engrenagem “estudar-praticar-reclicar” pode ser um tanto alarmante. A emergência de saber um pouco de tudo, em tempo cronometrado pelo acúmulo de outras atividades extracurriculares, gera um profissional “a la Google”. Sabe-se um pouco de tudo, mas a variedade de assuntos beira a superficialidade, pela ausência de profundidade. A tendência, mesmo com a pressão do mercado, não é necessariamente ruim. A adequação a novos conhecimentos é parte fundamental no processo de amadurecimento e crescimento do profissional dentro das empresas. Já se pode dizer que a necessidade de atualização é quase um decreto: ou o profissional se especializa ou fica fora do mercado de trabalho. Um contraponto merece destaque: as grandes corporações vão continuar a ter demandas por profissionais qualificados e, provavelmente, haverá vagas disponíveis em diversos setores, assim como acontece hoje. A cada dia, o mercado exige da mão-de-obra atualização e alinhamento com as tendências que surgem às pencas todos os dias. Conseqüências deste novo cenário podem ser vistas em grandes corporações e nos setores mais desenvolvidos da economia formal, mas também nos segmentos mais tradicionais. Por exemplo: um empregado de uma indústria de produção de bens, capacitado e experiente, continuará na mesma profissão, talvez com as mesmas funções, mas não terá êxito sem o devido conhecimento do mercado (novos materiais, serviços, produtos etc.). Levando em conta a dificuldade de acesso ao Ensino Superior em nosso país (e mesmo a sua efetividade em longo prazo), os cursos profissionalizantes são uma alternativa viável para a constante capacitação da força de trabalho, à medida que fornece o conhecimento aplicável, normalmente focado em determinadas habilidades e competências. Mais do que um professoral “eu sei”, o ensino livre traz a perspectiva do prático “eu sei fazer”, ao encontro do que buscam as empresas: alguém capaz de ser contratado hoje já sabendo o quê, como e quando fazer. De certa forma, é uma maneira de se antecipar à urgência por novos conhecimentos. Esta necessidade de reciclagem profissional pode até assustar, mas aponta caminhos que certamente serão seguidos pelos bons profissionais, antenados e preparados para esta realidade. Nota do Editor: Wilson Roberto Giustino (wilson@cebrac.com.br) é presidente do CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos).
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