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Opinião
08/11/2007 - 18h12
Ranço, arrogância e (in)segurança
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Quando acusa São Paulo de maquiar e não divulgar os dados sobre a sua criminalidade, o secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro - em vez de assumir suas responsabilidades pelo aumento crescente da insegurança - lança mão do velho, odioso, preconceituoso e improdutivo ranço entre paulistas e cariocas. Coincidentemente o fez ao mesmo tempo em que autoridades policiais paulistas afirmavam estar mais preocupadas com o policiamento comunitário que com o sistema “tropa de elite”, numa velada e irônica crítica aos seus colegas cariocas. Nada mais impróprio e, até desleal, já que cada localidade possui características próprias. Cabem, neste caso, os velhos ditos populares: sapo de fora não chia ou, ainda é o roto falando do rasgado.

As autoridades, tanto de uma quanto de outra praça, deveriam estar preocupadas exclusivamente com o crime que ocorre ali, à sua frente. Atender da melhor forma possível e imaginável o problema de sua responsabilidade, sem preocupação com a vida do vizinho. Palpites só deveriam ser emitidos quando requisitados pelos próprios interessados e, mesmo assim, na linha construtiva. Poderiam reservar seus comentários para as reuniões do Conselho de Segurança Pública da Região Sudeste, criado no inicio do ano, pelos governadores, com estardalhaço e até uma certa fantasia, se é que aquele organismo tem se reunido.

Não existem no mundo dois lugares exatamente iguais e, assim sendo, seus problemas também são diferentes, não se resolvendo com fórmulas prontas e pirotécnicas. O máximo que os governos e autoridades podem padronizar é a legislação, mas os procedimentos dependem de cada localidade. Os executores devem estar treinados e conscientes para oferecer o máximo com os recursos que o Estado e a sociedade lhes colocam à disposição. Só quem está na linha de tiro tem condições de opinar sobre o que é melhor ou pior para cada situação. Jamais alguém localizado a quilômetros, como o caso de cariocas em relação a paulistas e vice-versa.

É consenso nacional que a crise da segurança pública decorre, entre outros motivos, da dolosa omissão de governos que confundiram liberdade com impunidade. Áreas nevrálgicas das cidades, as periferias e as prisões só foram cooptadas pelo crime organizado porque o Estado deixou de se fazer presente e de cumprir com suas obrigações. Resolver isso, agora, também é uma questão de Estado e cada localidade na dimensão e natureza de seu problema. Não se deve esquecer que, além do trabalho repressivo-policial, são necessárias, paralela e principalmente, medidas econômicas e sociais. Logo, é uma tarefa para todos os níveis de governo e até para as forças da sociedade civil.

As polícias de todos os Estados – principalmente de São Paulo e Rio - carecem de decisão política de seus governos, que resultem em mais investimentos, salários compatíveis e atualização tecnológica, para poderem enfrentar os bandidos armados até os dentes e a constante evolução do crime organizado. Mas, além de combater o crime com coragem e determinação, o governo e a sociedade têm o dever de criar alternativas de estudo, trabalho e vida para os milhares de jovens e adultos que hoje só conseguem alguma renda através do crime ou da contravenção. Sua solução é uma obra de gigantes e de dimensão nacional e não se dará apenas com discursos eleitoreiros. Nenhuma polícia ou unidade da federação pode ter a arrogância de dizer-se melhor e, muito menos, criticar a outras, pois todas, infelizmente, têm as suas gravíssimas mazelas...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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